quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pentelhos do Rei - Despedida, substantivo contraditório

Toda despedida é dolorosa. Não há como fugir dessa máxima. Egoísta, como todo ser humano é, pensa primeiro na própria dor que sente para depois se consolar com o que outro ganhará com a partida. É nesse momento que sentimos uma explosão de sentimentos em que alegria vira tristeza, amor - termo equívoco, vide Ensaio sobre o amor disponível neste blog - vira ódio, entre outros paradoxos. Quão contraditório é o ser humano! Contudo, ao mesmo tempo que o homem está condenado aos seus instintos, com a evolução ele provou que busca superá-los através do estudo, da linguagem, da reflexão. A partir desses instrumentos mentais, o homem se eleva ao plano metafísico - além do físico -, lugar em que os verdadeiros sentimentos emanam, desprovidos de paixonites, de egoísmos e de instintos.

Muito bem. É de muito refletir que brindo mentalmente a despedida do companheiro que por um curto período de tempo, muito embora para mim pareça uma eternidade, passará longe. De uma lado, é triste termos longe alguém que queremos perto. De outra banda, consola imaginar que com a partida tal pessoa agregará experiências boas e ruins, não o iludirei, mas assim será uma pessoa maior, será grande, maior que esses homens que ficam.

Aliás, é até bom que vá. Lá não terá por perto a estrutura que o sustenta, estrutura esta composta pela família, amigos próximos e admiradores. Todo dia será mais uma etapa do desafio maior de sobreviver em busca de um sonho ou de um fim que se desconhece. Aliás, "desconhecer" é inapropriado. O verbo em questão é "apostar", termo esse que bem demonstra essa relação entre o trabalho empregado para o fim almejado. Sabe-se que esta é a formula do sucesso, contudo nunca nos ensinaram a calculá-la. Os fatores da fórmula do sucesso são subjetivos, são também inúmeros, o que torna a fórmula complexa. Porém um destes fatores é unânime: o fator esforço, dor ou sofrimento. A dor é um terreno fértil à superação. Posto em frente à dor, o homem é instigado, isto é, o homem precisa combatê-la, pois só assim transcenderá. Enfim, por mais dolorosa que seja, a experiência torna-lo-á forte. Mais forte!

Por outro lado, não obstante seja óbvio, também é importante mencionar que se deve ter a certeza de que a volta será trinfual e muito esperada. À semelhança da alegria ao ver o nascimento de uma criança, veremos um amigo novo, cheio de novidades, e, por consequência, toda a estrutura de volta. Então, será neste momento que aquele primeiro ódio virará amor, aquela tristeza, alegria e etc. Quão contraditório é o ser humano!

Um comentário:

  1. Muito bom!!!
    Palmas, palmas e mais palmas!!
    A partida é dolorosa, mas a eternidade deste período se tornará pequena diante de todo o tempo que nós, todos, teremos após o retorno.
    A vida não é a mesma aqui, farei valer a pena cada segundo que estou longe de toda essa estrutura que tinha, agora e após a tão esperada volta ao país natal.

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