sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pentelhos do Rei: "Stare down techniqué"

Outro dia desses, abismado com a eficácia de um colega francês na conquista das mulheres, perguntei qual era a tática dele. Após dar aquela risadinha de quem já riu dessa pergunta muitas vezes, ele acabou me explicando a "stare down techniqué".

Essa “técnica” consiste em fitar uma mulher até o ponto em que ela desvie o olhar. É, ainda, continuar olhando com o fim de surpreendê-la quando ela voltar a fitá-lo. Mas não é só. Continuou o francês: "é ainda manter-se firme e sério até que ela ceda e lhe conceda uma risada". Essa risada gera outra risada, outras fitadas, vai aguçando a imaginação e despertando curiosidade. Depois disso, a conversa é uma leve consequência.

O que me surpreendeu nessa história foi a sua simplicidade. Num primeiro momento, inclusive discutimos isso, parece algo fácil de ser posto em prática. Seria só olhar, olhar, novamente olhar e chegar junto. Porém, acabei percebendo que por em prática a coisa é algo bem mais complicado.

Isso porque não é simplesmente olhar insistentemente. É mais que isso. É olhar com confiança, o que é muito difícil adquirir num primeiro momento por alguém.

Em geral, caso o álcool - ou qualquer outro entorpecente - não tome conta das almas, a conquista é uma crescente em que os sujeitos vão se envolvendo paulatinamente. Daí a confiança em arriscar uma aproximação cada vez maior.

Aqui, em contrapartida, a confiança deve se apresentar antes da conversa, só pelo contato dos olhares. Daí advém a dificuldade. O que a mulher vai achar disso? “Esse cara é um maníaco/louco/estuprador”, “Que coisa estranha...” ou “Que pretensioso... se acha ao ponto de querer se aproximar desse jeito”. Aí o cara se passa por um ridículo, por um daqueles caras bem personificados pelo personagem do “homem berinjela”. Esse não é o objetivo.

Por outro lado, ela pode achar interessante, pode de cara já rir, pode também assim ficar por horas e horas, o que só deixa a coisa mais interessante. É uma aposta baseada na confiança. Um jogo interessante de se jogar.

Enfim, na "stare down techniqué" o que vai demonstrar a intenção do homem que assim se comunica é a confiança que se extrai do seu olhar. Filosófico, romântico, curioso... dá pra ver porque é uma técnica para poucos.

Ao ouvir isso, o francês deu mais uma daquelas risadinhas.

sábado, 19 de novembro de 2011

O Meloso, e o Até logo...

Boa noite!

Começarei com o Até logo...
O falo por mim, e pelos meus irmãos também.
As responsabilidades crescem, as prioridades mudam, o tempo fica mais valioso, e as próprias adaptações do mundo moderno requerem mudanças, e não há evolução sem mudança. As coisas precisam renovar, adquirir outras formas, mais adaptáveis a nós, para manter o dinamismo e empolgação de qualquer negócio. Daí surgiu a necessidade do Até logo.
A experiência foi excelente, aprendeu-se muito com ela, compartilhou-se muito com ela, crescemos!
E ainda temos muito a compartilhar. Nascer denovo, pra crescer mais, melhor e mais forte. Ir até onde não fomos e sempre quisemos.
Até mais amigos.
Vou-me daqui, e deixo um singelo e rápido conto como recordação.

O Meloso

O garoto tinha medo das garotas...
Midas foi burro quando escolheu o "dom" de que qualquer coisa tocada por ele se transformaria em ouro. Mas o garoto nunca teve opção.
Ele não era bonito, não era rico, não tinha carro, não era famoso, mas tinha o toque do mel. Poder que poderia causar fortes estragos nas mãos de muitos outros garotos, mas este não. Tinha o coração bom, e alma pura. Sempre disposto para entregar seu coração e confiar sua alma, mesmo correndo o risco de um rato confiando em um gato. E aí que estava o problema.
Suas relações com as meninas sempre foram 8 ou 80. É muito difícil ter que escolher alguem sem antes ter o contato físico necessário para que ela estivesse disposta a mostrar pra você com quem realmente está lidando. E foi assim... O primeiro beijo, primeira transa, primeira namorada... Experiências frustrantes de simples toques errados. Aquele toque arriscado com esperança de que algo melhor estaria por vir, e que não vinha nunca. A simples toque que fazia as garotas caírem incondicionalmente aos seus pés,e  fazer o que fosse necessário para deter o amor deste garoto. E com toda sua bondade interior, ele fazia o mesmo. Sempre foi apaixonada, e por isso e por seu toque, o chamavam de Meloso.
As garotas que eram tocadas pelo garoto, ou fugiam para não se entregarem completamente, ou de fato se entregavam completamente.
Mas Meloso era otimista, e por isso via o lado bom também: era aquele que tirava virgindades (também anais) com tempo e facilidade recorde, dificilmente recebia um "não" em festinhas, podia manipular garotas com garotas segundo as regras que criava para o próprio jogo, entre outras facilidades cuja criatividade era o limite.
Lógico que tinha que arcar com as consequências de tudo isso, e frequentemente as garotas mais desejadas desapareciam com aquele olhar de "te quero", ou então entregavam-se completamente por garotas erradas. A vida de Meloso era repleta de altos e baixos, muito estress e desejo, exigia muito do emocional e físico. Fadigava.
Restava apenas aprender a conviver com isso.
Até tirou férias... Ficou um tempo fugindo delas para não atormentar mais sua vida, então cheia de responsabilidades, até que... O coração apertou, por aquela garota da qual havia se entregado um longo tempo atras, mas que desapareceu para não sofrer mais por amor à Meloso, que já havia entregado e estava se dedicando a outras naquele tempo.
Era como se ela percebesse que Meloso estivesse carente, prestes a se entregar denovo, e aí o desejo aflorou. Os sentimentos daquela garota estavam acumulados e guardados por aquele toque antigo. Mesmo ocupado aquela época, Meloso havia se entregado também por ela. A menina nunca dissipou todo carinho que havia recebido, e sempre houve esperança de que aquele toque antigo ainda a tocasse como nunca tocaram... Ela veio e se deixou tocar novamente por Meloso, que como costumava, abriu novamente seu coração e entregou a alma, deixando a garota disfrutar de todo seu mel, novamente...
Enfim, pra Meloso restava viver assim ou passar o resto dos tempos sozinho. E sozinho, ele nunca gostou.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Ser ou não ser cuzão: você tem peito para ser livre?

Não importa se alguma situação limita um desejo ou sentimento, sempre existe um caminho alternativo rumo às conquistas mais preciosas. E existem conquistas que não podem ser barradas.

Nenhuma mente livre de verdade poderá ser aprisionada e quando me lembro disso, aí sim consigo pensar que a vida é fascinante. Acho que as pessoas que mais admiro têm justamente esse ponto em comum: eram [ou são] livres, não importa se estavam com seus corpos aprisionados a campos de concentração, se estavam cercadas de babacas ou se tinham qualquer outro tipo de prisão.

Dignos de pena são os que acham que dar liberdade tem alguma coisa a ver com amor, com “dar espaço”. Trata-se de uma conquista particular e não de algo que possa ser dado de alguém para alguém! Faz parte de um indivíduo escolher ser livre e como ser livre, em essência, em espírito e aos demais cabe a lição de aprender a respeitar as escolhas daqueles com quem se quer compartilhar algum tempo, experiências e até a vida (melhor ainda se compartilham da mesma perspectiva sobre o que e como ser livre).

Mente liberta, coração solto e a alma leve simplesmente independem de qualquer outro ser humano, somos os responsáveis por esse sentimento e é preciso ter coragem para assumir ser livre porque às vezes isso causa a perda de alguém que discorda de você.

O estado de liberdade deveria não depender de solidão ou companhia, tampouco do espaço, do dinheiro a mais, não deveria depender de fazer só o que te agrada, se sentir livre não deveria ser um estado que machuca alguém, porque isso não provoca leveza. Responder “estou satisfeito” quando te perguntam se você é feliz com sua vida também é atestado de medo de buscar o que te faz livre, o que te faria feliz de verdade.

Quem pode sonhar alto sem ser livre e como ser feliz sem poder buscar sonhos e renovar ideias para a vida? Quem consegue sonhar depositando culpa por falta de qualquer coisa em outra pessoa ou em alguma situação? Almas livres voam, não param para culpar ou para ficar corroendo tristeza, porque até nos momentos de tristeza saberão produzir algo que as deixará mais leves. E essas são e sempre serão aquelas que estão à frente de seu tempo. Raras.

[e como sempre, para tentar "harmornizar" texto e música: http://youtu.be/gwYla46lW78 ]


domingo, 4 de setembro de 2011

O Alcoólatra

Quando bem jovens só ouvimos histórias e comentários sobre as bebidas. Alguns bons, alguns ruins. Mas quanto mais amadurecemos, a curiosidade aumenta, e as condições ficam mais favoráveis ou liberais para começar a experimentar tal líquido.

Bom, tudo tem um começo e um fim. Já meio mal da cirrose, compartilharei aqui minha trajetória até o alcoolismo, do começo ao meio, porque o fim ainda não aconteceu.
Por que continuo? Mesmo que tenha ganhado uma bela doença, as bebidas podem ensinar muita coisa útil. Tem que gostar e curtir, tomar sincero, para entender o que cada uma tem a ensinar pra você, e por isso que não paro... Cada vez aprendo mais com elas.

Eu não queria começar pesado logo de cara, por isso comecei com os coqueteis. Eram leves, docinhos, e quase não faziam efeito.
Eu gostava, e gostava bastante.
Sempre teve aquele papo de que era bebida de menininha, ou que era pra quem não aguentava. Meus amigos ja bebiam coisas melhores, daí a gozação.
Mas realmente, no fundo eles tinham razão. Era uma bebida fraca, portanto um pouco sem graça, apesar de doce. E não podia misturar com outras, eu estava apenas começando, por isso continuei tomando os coquetéis. Continuei para acompanhar o ritmo de meus amigos, até entrar na monotonia.

Para ser sincero, não mudei muito... O que era vinho agora era pinga, mas no meio de um monte de frutas, coisas doces e tudo mais. Quase uma batida. Quase porque ainda não tinha muita graça, era apenas levemente mais forte.
Era uma bebida mais sociável, podia tomar em público que não seria zombado como se fosse o coquetelzinho. Mas, como já devem imaginar... Não deu outra.
A bebida mudou, mas a situação era quase a mesma. Não chegava à alegria, como costumavam dizer, e eu queria mais.

Enfim, a cerveja! Ahh, essa sim. Como todo moleque, tomava bastante, no começo pra dizer que tomava, mas eu não gostava muito. Demorou um tempinho até começar a gostar de tomá-la, e agora, eu ja acompanhava bem aos outros, mesmo considerando que eles já até tomavam uma vodca ou whisky.
A cerveja. Pra qualquer hora ou lugar, uma bebida ideal, e gostosa. Aliás, ela me deu o 2º porre.

Esqueci-me de lhes contar meu primeiro porre. Na verdade o 1º porre foi duplo, em dois dias seguidos... Resultado da mistura de um monte de coisa alcoólica barata e ruim das quais nem me lembro. Mas foi em uma viagem longe, onde todos bebiam tudo... Apesar de estar sempre atras deles, que já bebiam whisky e ja tinham dado um "Perda Total" eu que inaugurei o porre com bebida barata. Não satisfeito uma vez, fiz duas. Prazer, para os que ainda não me conhecem.

Voltando pra cerveja.

Enquanto a bebia, era muito bom. Ela me fazia sempre alegre, me deixava corajoso e bonito, e de vez em quando voltava correndo pra fora de mim. Bebida ideal. E por não ser muito forte, dava para beber uma cachaçinha, um licorzinho ou um vinhozinho para acompanhar a cerveja. Mas nunca misturava todas, era a cerveja e no máximo mais uma, de cada vez.
Essa era a bebida padrão, totalmente sociável.

Um belo dia resolvi experimentar a temida vodca.
Era forte, realmente... Tanto o gosto quanto a presença. Presença porque em meio ao público não pegava bem. Eu ficaria facilmente mal-visto, por isso só meus amigos sabiam. Não bebia na presença deles nem de ninguem, mas eu gostava de dar umas goladas da malvada, por isso bebia sozinho. Comprei minha própria garrafa.
Nunca deixei de tomar a cerveja, mas às vezes variar com uma destilada era legal. Tomava sempre com moderação. Cheguei muito perto de exagerar na dose. Ainda não havia experimentado um porre forte da vodca... Fiquei frustado por causa disso.

Bem, enquanto estava nesta, estava bom. Tinha experimentado quase de tudo, até whisky eu já tinha bicado, embora não gostasse. Quando de repente:
_"Ei amigo, tome esta aqui!" (referindo-se à tequila.)
Foi amor ao primeiro shot. Forte como vodca, sociavel como a cerveja. Bebida cara.
Quando dei por mim, eu já não tomava mais cerveja, só tequila. O 1º porre dela veio rápido, e não foi único, era toda hora.
Me deixava louco em todos os sentidos, não vivia sem ela. Toda hora era hora para um "shotzin", como diria um de meus amigos.
Enquanto todos na mesa tomavam a cerveja e outras leves, eu já as abandonara.
É lógico que toda essa intensidade foi insana, e foi nesta época que ganhei minha doença.
Não fui para a reabilitação, mas com ajuda de meus amigos e ajuda própria, consegui sair do vício. Era isso, ou a necrose hepatocelular e múltiplos nódulos acabariam de vez com minha saúde, quem sabe até com minha vida. Um resquício de responsabilidade me salvou.

Nenhum vício acaba de uma hora para a outra, por isso voltei um pouco às cachacinhas e vodcas, que não me viciavem mas propiciavam belos momentos, de alegria e descontração. Quase tomei outro porre da vodca... mas depois disso vi que foi melhor assim. Hoje não consigo nem sentir o cheiro dela direito, abdiquei de vez. Estou forte!

As doses foram diminuindo, e eu até achava que me tornaria um "bebo socialmente".
Como já devem imaginar, completamente enganado.
Achei o champagne.

Pode ser engraçado à essa altura, mas depois de tudo que passei, essa sim era ideal. Era docinha e leve.
Meus amigos ainda tomavam cerveja, whisky, cachaça e vodca, e eu já tinha parado. De vez em quando pedia meu champagne para "acompanhá-los".
Mesmo que fosse bebida de mulher e fosse bastante caçoado, eu ja havia passado por bastante problema, e ela era a unica que me deixava tranquilo, em paz, e com aquele gostinho de quero mais depois. Mas estou indo bem devagar, não quero me viciar logo de cara.

Tenho que ir devagar, por isso ficava só no champagne, e só de vez enquanto. Mas os amigos estão sempre aí...
_"Ei amigo, vamos tomar uma diferente desta vez?"
Não sou de recusar convite, fui tomar um martini com ele.
Antes de tomar ele já havia me avisado que era razoavelmente forte, e que eu poderia passar mal se abusasse.
Bom, a verdade é que ela era muito gostosa, gostei de tomar, e queria tomar também um porre, depois de tanto tempo bebendo responsavelmente.
Esta bebidinha não fez mal nenhum, foi só para alegrar o dia mesmo, e nada como beber algo novo na companhia de amigos.

Bem, é o máximo que consigo contar até aqui.
Alguns devem estar se perguntando onde estão as grandes lições que as bebidas me ensinaram.
Se você é um desses, sugiro que releia o texto com mais atenção e criatividade. Se mesmo assim não resolver, eu aceito um convite para um conhaque, do qual não experimentei ainda.
Quanto ao meu futuro? Bem, não adianta perguntar o futuro de um alcoólatra. O que um alcoólatra vai beber, quanto, quando, ou se vai parar de beber, isso acho que só Deus sabe.
Até mais amigos, tenham um belo enquanto tomarei mais um gole de meu champagne.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um humilde presentinho...

Não vou escrever nada hoje, apenas queria deixar um texto - que não é meu - mas que me identifico muito, e quero deixar de presente para meus queridos Josias e Sofia

"Pessoas com vidas interessantes não têm frescura. elas trocam de cidade. investem em projetos sem garantia. interessam-se por gente que é o oposto delas. aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. começam do zero inúmeras vezes. não se assustam com a passagem do tempo. fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida..."


Desejo tudo de mais bonito pra vocês, que vocês vejam as coisas mais lindas, aprendam coisas novas, ensinem coisas novas também, voltem com lindas histórias, amigos e amores...

Muito, muito carinho para vocês

domingo, 7 de agosto de 2011

O Mendigo

Coloca o saco enorme e pesado no chão.
Começa tirando o colchão, ja com molas quebradas. Tira o cobertor, que também é telhado, deita-se, liga o radinho de pilha que já não sintoniza direito e da uma bela golada da granadinha Pedra 90. Tudo isso bem ali, do lado do posto de esquina, embaixo da loja de assistência técnica de fogões e bem perto do farol daquela grande avenida

E assim começa a vida do mendigo, que acabara de optar por aquele jeito de viver.
Era novo, não sabia o que levar, o que comprar, onde conseguir dinheiro e onde ficar. Ja ouviu muitas sugestões de quem gostava ou não da idéia, mas acabou decidindo por si só. "Vou morar na rua!".

Mas o mendigo era novo, inexperiente. Durou pouco até perceber que incomodaria um bocado onde estava, e percebeu tarde, bem no momento no qual o levaram para um abrigo.
A primeira tentativa foi frustrante, e insuficiente. "Quero a rua denovo!"
Conversou bastante com os outros do abrigo, fez amizades, e ouviu alguns reclamarem e outros elogiarem da vida nas ruas.

A sua vontade de voltar era enorme, e ele não passava vontade.
No mínimo descuido da segurança, apanhou os pertences e pulou a grade do abrigo.

Da segunda vez usou um pouco da inteligência. Instalou-se em um lugar isolado onde conseguiria fila o resto da comida do restaurante e onde não incomodaria ninguem...
Ali ficou bastante tempo, mas não conseguia disfrutar da liberdade e curtição das quais uma situação daquelas permitiria, e a monotonia veio, e cresceu, e cresceu, e cresceu.
A chatisse acumulou e com raiva arrumou briga que resultou na volta para outro abrigo.

Estava quase desistindo da idéia de voltar para as ruas. Aquele outro abrigo era grande, tinha muita gente, a comida era boa e poderia dormir bastante.
Jogou baralho, tomava bebida escondida, não passava frio ou chuva e ainda conseguiu furar com uma outra que já se acostumara no abrigo. Aparentemente não tinha o porquê de sair dali.
Mas, a vida é uma jornada, não um destino. Não conseguiria completar sua jornada ali. E veio uma vontade súbita de querer ir embora.
Depois de 3 tentativas dentre 2 meses onde fora apanhado pelos guardas, conseguiu novamente sair.

O mendigo já estava experiente, por isso alojou-se naquele bairro sem segurança e com muitas almas bondosas que o sustentavam com óbulos.
Alí sim... Bebia quando queria, jogava com outros mendigos, ia nas festas de rua, ouvia o seu radinho e zombava de quem passasse por ali na calçada. A vida que queria.
Mas o mendigo também era gente, e como qualquer outro ser humano, não estava satisfeito. Queria muito mais.
Trocou de bairro, foi para a ala dos traficantes. Lá usou drogas que nunca havia usado, misturava com bebidas e brigava com gente que poderia lhe tirar a vida facilmente. Teve overdoses.
Foi intenso, e foi trágico. À beira da morte causada pelos tóxicos, desnutrição e hipotermia, chegam as viaturas para acabar com a festa do tráfico e levar as vítimas para um lugar seguro, conhecido como abrigo.

Passou maus bocados, e viu que a vida nas ruas pode ser bem perigosa, até fatal.

Parece fácil abominar o tipo de atitude de um cara desses, onde o normal é não morar na rua. Passava frio e chuva às vezes, mas ele não trabalhava, bebia sua birita quando bem quisesse e era invisível à maioria, ou seja, não lhe enchiam o saco. Enfim, ele gostava daquela vida, era tranquila e boa desde que não fosse idiota como da última vez.

Aquele abrigo sim. Era maior ainda que o último. Com mais gente. E mais mendigas.
Todos se gostavam la dentro, e poucos cogitavam sair dalí.
Mas ele não podia, ali, beber sua granadinha. E tinha que trabalhar por sua comida. Estava seguro, mas não estava imune à sensação de liberdade e aos benefícios da sua rua, na qual vivera tanto tempo e ja estava acostumado. Ele nem lembrava mais de como era não viver na rua.

Durante as conversas muitos tentavam o convencer de que tinha que ficar alí, mas é difícil convencer alguem que assume sua personalidade A.
Pensou...
Ponderou as circunstâncias...
Pensou mais.

Não teve jeito, o coração ja estava apertado:
Pulou o muro, e foi embora no meio da madrugada.
Daquela vez ele até já sabia onde moraria, decidido a levar a vidinha do qual estava acostumado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conto - Massagem

Fui trabalhar.

Café número um.

Mais uma noite daquela semana que não havia dormido bem.
Como um zumbi no automático, piscando longo aos faróis vermelhos e acordando às buzinas, milagrosamente chego intacto na empresa.

Café número dois.

Mas é Sexta-feira!
Um dia feliz, se o resto da semana não houvesse acabado comigo.Não somei nem 15h de sono. Cada minuto de insônia durava hora de agonia.

Os problemas e prazos atrasados da empresa, dívidas monetárias e a ausência de férias apenas pioravam minha situação, já bem ruim. Nao conseguia me focar. Nem descansar. Nem responder minhas próprias perguntas.
Meu psicológico tinha fome! Fome do meu corpo. Me consumia por dentro, tirava meus músculos e minhas energias positivas. E jogava tudo nas costas, junto com um monte de tranqueira pesada.

Voltemos ao meu dia...

Fui o primeiro a chegar. O AC nos 20°C, minha confortável cadeira e o silêncio do andar tentam me fazer dormir.

Café número três. E eu nem gosto dessa merda, mas preciso por enquanto.Eu nem tenho barba, mas ela cresceu. Cresceu pra mostrar a fadiga, o cansaço, a indiferença, a preguiça, o tanto faz. E pra coçar.

Café cinco.

Almoço. Não havia comido sequer um pão com manteiga de manhã, e mesmo assim ainda não sentia fome. Até o estômago estava estufado das enzimas de preocupação.

Café seis.

Pouparei os eternos minutos de trabalho do dia, todos exaustivamente e monotonicamente iguais. Minutos de trabalho obrigatório, aprazeirado, e provavelmente errado. Foda-se.
Ja perdi a conta do café: meu cigarro temporário que me ajudou a aguentar o dia. Já estava tremendo de overdose.

17h08. Aleluia!Pego meu carro e o maldito som resolve não funcionar. E tive que aguentar todos os bares cheios com músicas altas e pessoas felizes na avenida badalada da sexta, e eu ainda dentro do trânsito.
Infelizmente não vendem café em maço ainda...

Não se espera nada de uma semana dessas além de uma banho e uma cama, quando ao chegar, escuto um frase tão simples quanto significativa:
"_Gostaria de uma massagem, Amor?"

Delicada e intensamente minha alma foi massageada.
Repentina e inexplicavelmente esqueci tudo que me agonizava.

Agora sim, a minha sexta-feira começou!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Testículo do Villa - Me empresta?

Caro Caio,

Tem algum tempo que não me dedico a esse blog. Fato que foi agravado pelo desequilíbrio que me encontrava – às vezes é melhor não deixar passar nada, não? Dado o tempo que me foi necessário, resolvi voltar à ativa. Peço, então, desculpas ati. Espero que esse texto nos permita dialogar.

Eu tenho o sensato hábito de reler, ou rever – no caso de filmes – coisas das quais de alguma forma me marcaram. E hoje, ao entrar no banho, lembrei-me de um conto que li há alguns anos: O outro, de Borges. O conto discorre sobre um encontro do Borges, já no final de sua vida, com o jovem que se mudou para a Europa. A conveversa que acontece em um banco de jardim, é repleto de referências ao passado de Borges e o futuro do outro. Naturalmente ambos já não se conhecem mais.

Claro, fiz o mesmo reflexo e imaginei eu me encontrando com meu futuro eu. Não gostei do que vi. A busca, no conto, e a minha, tendiam a procurar um eu tão complexo e intragável como minha própria consciência me diz sê-lo. Porém - assim como Borges -, só pude ver, pensar, e entender à partir de um mesmo ponto de partida: o eu habitante. No caso dele: velho, cego. No meu: jovem, burro. Logo não vejo nada, não reconheço nada. Estou fadado, definitivamente, a ser o que só posso ser.

O que me resta? Aguardar... Vivendo, é claro! E quando o dia chegar, espero que meu encontro com o eu jovem seja como reler um antigo conto, no qual se lê um conto totalmente diferente da primeira vez. E espero, que o jovem eu, me pergunte por você, e que eu possa dizer que está com saúde, encarando as mesmas peripécias. Ainda ao meu lado.

Um abraço

Josias

domingo, 17 de julho de 2011

Conto #(sem titulo)

Acordei...

Acordei???

Minha bexiga estava prestes à explodir, por isso corri ao banheiro.
Mas onde ele está?
Milagrosamente, a primeira porta que abro é o banheiro.
Como se apagasse um incêndio no vaso, durante um minuto tento me recompor do sono pesado. Não consigo.

Volto à cena inicial: um belo quarto, com poucas bagunças, frigobar, TV a cabo, ar condicionado e uma bela visão na sacada do 1º andar, onde pessoas felizes aproveitam a piscina, conversam e se bronzeiam ao Sol matinal. Apanho minhas roupas ao lado do colchão inflável, e nada de celular ou dinheiro no bolso.
Espero ainda ter meus rins!
Não sabia onde estava, embora fosse bem agradável. Porém, tenho medo do que possa a vir mais tarde.
Vou embora.

Pego uma água no frigobar e desço ao térreo a caminho da saída do hotel.
Ahh que vontade de pular na piscina.
Deixa pra lá.

Quem tem boca pode ir à Roma, como dizem, mas fica complicado se não soubermos aonde queremos ir.

Naquele lugar desconhecido, subdesenvolvido, de pessoas com sotaque engraçado, mas com belas paisagens naturais, tentei voltar ao lar.

Procurei o caminho certo por muito tempo.
Minha cabeça doia. Minha língua ardia. Meus pés descalços doiam. O Sol ardia.
Superação, pensei...
Andar era lento demais, por isso começei a correr. Rumo a...
Não sabia.


Nesse desespero de voltar ao lar, nas indas e vindas e voltas em círculos, com fome e sede, cansado, assim como um vira-lata sem dono, ainda com cortes no pé, e nenhum meio de comunicar com qualquer ser vivo conhecido, me acalmo e tento aproveitar para conhecer o que tem de melhor nesse lugar místico, longe da civilização, onde tudo acontecia. Afinal, era uma manhã linda! Quente.
As pessoas de meia-idade fazendo cooper e a falta dos baladeiros indicavam que fosse umas 10h, talvez 11h. Ou 12h. Não sei. Tanto faz agora. Ali o tempo não importava!

Passei pelo centro, vi carros rebaixados tocando músicas engraçadas, passei por aquele boteco sujo do qual me lembro vagamente, pelo campo de futebol, pelo mercado referência até que, enfim, bato palmo em frente à casa vermelha sem campanhia, e me abrem a porta com um belo sorriso!

-Vá tomar um banho, Você está péssimo!

Com a casa cheia e (já) acordada, alguns se mostram felizes, outros preocupados, outros riem da minha presença.
Melhor ir tomar banho mesmo.

Eu estava bem cansado. Coca e pão com queijo me acordaram um pouco, mas eu precisava dormir, estava péssimo fisicamente. A língua ainda arde.
Ponho meu pijama, espreguiço-me e vou direto ao meu quarto.

Deitei.
Agora eu estava seguro, abrigado, alimentado e com banho tomado em casa. Podia não ser o hotel 4 estrelas, mas era ali o meu lugar.
Depois de alguns minutos na cama com o olho ainda aberto, pensei se valeria a pena...
...
...
Ta ok!

Levanto, respiro fundo, dou uns leves tapas no rosto para acordar mais, abro a porta, vou de encontro à aglomeração:

-O que houve ontem?

(Muitos risos)

-Meu caro, sente aí que a história é longa...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Conto #Não-me-lembro

O reflexo do Sol da manhã me faz acordar do sonho esquisito.

Acordei...

Acordei?

Abro o olho, e apenas isso. Percebo que dormi com um travesseiro diferente daquele das ultimas noites. A cama era diferente também, menor. As paredes não estão mais no mesmo lugar.

Sem movimento bruscos apenas passeio o olho pela cena. Logo menos, sem antes entender qualquer coisa, começa a tocar um heavy metal.
O Sol ainda tímido e já o heavy metal. Alto.
A dor fadigada de meus braços e pernas, estômago estufado, língua dormente, o mal-jeito de dormir no pescoço, "música" alta, e uma leve lembrança do que aconteceu, ainda no quarto, concluíram o cenário do inferno!

Já sei, vou dormir...
...
...

O inferno não me deixou dormir.


Já sei, vou acordar, ainda é um sonho... Eu sei que é.
Eu juro que é!
...
...

Tomara que seja...
...
...

Fudeu!!!

À mínima oportunidade que eu tivesse de sumir, desaparecer, eu o faria.
Pular da janela é arriscado, pois eu nem sabia (e até agora não sei) em qual andar estava.

Bom, em uma situação dessas, como diria o velho ditado: "Se você está no inferno, abrace o capeta!". E foi isso que fiz. Era o mínimo que eu podia fazer.


Os únicos que poderiam me ajudar estavam bem perto, meus amigos! Um estava logo acima, o outro, logo alí atras da parede. Foram poucos os que cumpriram a missão e escaparam à tempo. E eu, com essa mania de conseguir aproveitar o pior que a vida pode lhe oferecer, o fiz bem-feito.

O gosto de linguiça na boca e a barriga esturricada do gás da cevada me fizeram lembrar um pouco do churrasco. Bem pouco.

Saí para a sala, e jurava que nunca havia visto tal cômodo.
E lá estavam eles: meus amigos. Não tive palavras pela satisfação que tive quando os vi, e o sorriso de satisfação deles ao me ver, foi impronunciável. Não vale a pena comentar, Meninão...

A Coca-quente-sem-gás-com-energético-barato, que era a única bebida "potável" não alcoólica no momento, lembra-me o que anestesiou minhas dores e me deu disposição. Não devia ter tomamo aquela merda ontem, quem sabe eu tivesse cansado e ido embora!
Ou não devia ter comido, pra passar mal de vez e assim evitar o que inevitavelmente acaba acontecendo hora e outra. Péssima mania.

Ou deveria ter pulado da janela quando pude...

Eu era o único que queria ir embora. O inferno prendeu meus amigos, mas não a mim.
Descobri também que lá, cada minuto demora meia hora.

Que se dane, pois como um velho amigo me disse, a vida é a arte de simular.
Simulei.
Todos riam de cenas engraçadas e piadas sem graça.
Eu também ria, mesmo que ainda estivesse pensando em como desaparecer dali e não achasse graça delas. Nisso as lembranças vieram. Uma a uma.
Uma de cada vez.
Lentamente.
Agonia.
Desespero.

Conversei, bebi mais um pouco (embora quisesse me embriagar), senti algumas dores a mais em lugares onde eu não havia percebido (o que me preocupou). Mas deixa pra lá.


Depois de horas, no tempo do inferno, finalmente fui libertado.
Entrei no elevador, apertei o botão "Vida real", e voltei pra casa olhando as belas quebras de onda e a brisa morna de uma manhã agradável.


Depois de uns 2 dias de uma das piores ressaca moral que tive, valeu a pena. Eu estava com meus amigos em um lugar onde nunca estivemos, fizemos coisas inéditas (sempre), e guardei mais uma para meu livro do qual pouquissimos tem acesso, e provavelmente será inutilizado e queimado algum dia mais pra frente. Talvez anos mais pra frente.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O gosto da cerveja

Um dia como outro qualquer, me sento no bar com meus amigos para tomar umas.
Fato corriqueiro, sem muitas novidades, mas sempre muitas surpresas e histórias. Eles pedem aquela, de rótulo chamativo, já conhecida e um pouco mais cara. Eu peço aquela que poucos pedem, geralmente motivo de chacota, barata e com rótulo desgastado. Obviamente fui o motivo da gozação momentânea diária...

Não foi nada que me tenha magoado, deixado triste ou qualquer coisa parecida, mas afirmo: foi errado.
Como qualquer papo de bêbados amigos, discutimos até cansarmos de tentar fazer-nos rir, sem propósito. Mas desta vez, assumo, eles estavam errados.

Como pode alguém falar mal de alguma cerveja sem ao menos conhecê-la, ou ter alguma referência? Precisamos de um test-drive com a noiva antes de casar, certo? Sei que foi uma comparação infeliz, mas enfim...

Hoje já não conseguimos mais contar as diferentes cervejas que se dispõem para nós: escuras e claras, doces e amargas, encorpadas e aguadas... Como sempre somos discriminados por tomar ações diferentes das que o "mundo normal" toma, mas é tudo uma questão de ponto de vista, de valores, de vontades (e principalmente motivos) e talvez curiosidade.

Sempre gostei de cerveja, confesso. Me lembro da primeira que tomei. Da segunda, terceira... Fui fiel à elas, até começar a experimentar novos sabores.
Aqueles que são "padrões", dos rótulos bonitos e silhuetas impecáveis, todos tomam, mas não é aí que vejo graça... Este maravilhosos mundo nos fornece com uma gama incontável de sabores diferentes, por que preciso me prender nos de sempre?

Você gosta do rótulo, do status, do formato ou do sabor da cerveja? Eu gosto do sabor, e nada mais natural do que experimentá-lo para ter sua opinião, sentir seu aroma e o que ela causa em seu corpo... Medo e vergonha impedem que os meros mortais provem dos mais diversos sabores. Assim como cada coisa no mundo existe por algum motivo, as cervejas também... Podem não ter o melhor rótulo nem estar nas propagandas, mas alguma coisa há de bom nisso. O único responsável para perceber o charme, sensação ou vantagem daquela cerveja feia é o usufruinte. E se alguém acha que não há nada de bom nisso, eu digo: a percepção desse alguem é limitada e não consegue perceber a gama que esta simples e indiferente cerveja pode lhe oferecer ou o quanto você pode aproveitar o momento enquanto a toma.

Comecei a beber, e desde então não paro mais. Amo cerveja. E assim vou levar minha vida.
Ser caçoado por qualquer motivo "padrão" ou sem fundamento é totalmente tolerável. O proibido é deixar de conhecer cada grão de cevada que compõe cada gole deste líquido que me tira da depressão, me põe e tira dos eixos, me tira da rotina, me aventura e me propicia os momentos mais proveitosos de minha vida, dos quais sempre compartilho na companhia daqueles mesmos que me caçoam por causa disto...

domingo, 5 de junho de 2011

“Sabe aquela mulher super equilibrada? Que nunca te cobra nada? Super segura, nada ciumenta e calma? ...

Então, ela tem outro. Certeza!”



Essa frase não é nova, mas a vi por ai um dia desses e tive que concordar.

Ok, não vamos generalizar!!E também não vamos tomar como verdade que toda mulher é louca, insegura e neurótica... Talvez algumas, mas não todas...

O fato é que quando gostamos de alguém ficamos bobos, ficamos pior que bobos, ficamos idiotas! Como um trecho do texto postado por minha querida Sofia “Você dá a essa pessoa um pedaço seu, e ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa besta como beijar você ou sorrir, e de repente sua vida não lhe pertence mais. (...)”. Não só as mulheres, os homens também (conheço muitos homens que sofreram horrores de amor sem o menor pingo de vergonha de assumir isso – raríssimos, mas existem). Mas quando gostamos queremos ficar perto, temos medo de perder, queremos cuidar, proteger, mimar...e a gente sabe que exagera as vezes ...mas é tudo com muito carinho...E se, por algum motivo a pessoa perde essa vontade...essa vontadezinha de ficar junto, de encher de mimos...e pior quando o medo de perder desaparece....huuuuuuuum....

Desconfie...

Mas antes de julgar, veja se você não tem uma parcela de culpa. Se não faltou uma atençãozinha ali, uma carinhozinho aqui...um cuidado a mais...

Como diz nosso breguissima Caetano Veloso “quando a gente gosta é claro que a gente cuida”...

Por isso, quando der, parem uns 5 minutinhos. Reavaliem a atenção que vocês andam dando para todas as pessoas que vocês gostam (inclusive os amigos e famílias – não falo só de namorados, peguetes, ficantes ou qualquer outro rótulo). Todo mundo gosta e precisa de um mimo, faz bem pra todo mundo uma ligação do nada , um bilhetinho, um abraço... para nós mulheres então...ishii..é mais fácil ainda, somos tão bobas que qualquer bilhetinho já derrete a gente (desconfio que já nascemos assim “bobas” e altamente “derretíveis” para facilitar a vida dos homens – então meninos, aproveitem!).

E bem... isso não é bem um conselho, é a mais pura realidade...Portando, se algum dia você tiver uma mulher super equilibrada, super segura nada ciumenta e calma ao seu lado...

Bem ...

Para ouvir: Por onde andei

terça-feira, 24 de maio de 2011

"Adultos nunca entendem e é cansativo para as crianças sempre terem que explicar as coisas a eles." - disse o Pequeno Príncipe ao homem.

Você já parou pra pensar no quanto você mudou? No quanto as suas ideias mudaram de quando você era uma criança até agora?

No quanto você deixou de acreditar nas coisas, nas pessoas, nos sentimentos...

Quando se é criança, acredita-se que um senhorzinho, que mora lá no polo norte (um dia vc descobre que é na Noruega) sai da casa dele numa noite de natal e entrega brinquedos para todas as crianças do mundo.

Você acredita em absolutamente em tudo que te dizem (porque no mundo criança de ser, as únicas mentiras contadas são aquelas quando você precisa ir ao médico e a história sobre a tal cegonha)

Quando se é criança, não tem problema ser 100% sincero, no fundo é até bonitinho.

Você divide seu lanche com seus amiguinhos sem a menor sombra de egoísmo (exceto quando for bolo de chocolate).

Quando você gosta de alguém, você faz questão de ficar junto a maior parte do tempo: vocês brincam juntos, assistem tv juntos, fazem dupla durante a aula e com certeza defende essa pessoa em alguma confusão no intervalo(ou é defendido)

Quando se é criança, temos a total certeza que o lugar mais seguro do mundo é o nosso lar e que os nossos maiores protetores são nossos pais...

Tudo é muito mais simples quando somos crianças.

Mas ai um dia você cresce...

E descobre que papai noel não existe, descobre que algumas pessoas mentem, você descobre o significado da palavra egoísmo no sentindo mais frio e real e cria uma barreira enorme pra poder esconder seus sentimentos...

Ok, sabemos que a vida é assim, coisas ruins acontecem. Mas eu tenho certeza que pra cada coisa ruim que aconteceu, aconteceram diversas coisas boas.

Quantos presentes você ganhou antes de descobrir que o papai noel não existia? E quantos presentes depois, você não comprou pra ser o papai noel de alguém?

Quantas coisas boas você aprendeu com as pessoas, e quantas vezes você se apaixonou e gostou tanto de alguém a ponto de te dar frio na barriga e medo de gostar de novo?

Disso a gente sempre esquece!

Os nossos medos nos fazem colocar empecilhos em tudo, nos tiram a fé nas pessoas e acabamos esquecendo como as coisas eram mais fáceis e bonitas quando só olhávamos as coisas com olhos de criança.

Todos nós temos que amadurecer, aprender com as coisas – as boas e as ruins – mas não deveríamos perder o jeito criança de ver as coisas. Logicamente que uma dose de maturidade é mais do que necessária para a sobrevivência, mas às vezes acreditar mais nos outros, esconder menos os sentimentos, gostar mais das pessoas e acreditar que coisas boas acontecem porque elas simplesmente acontecem é ainda mais necessário para podermos viver bem.

Experimente.

;)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Amizades

O que devemos esperar de amizades? Muitas vezes senti-me a pessoa mais sortuda do mundo em relacao a amizades. Senti que tinha os melhores amigos do mundo. Outras vezes (muito raras), alguns amigos ´´dao mancada´´, e sinto que nao posso confiar em meus amigos e isso traz uma sensacao de que nunca tive verdadeiros amigos.
Minha intencao eh gerar comentarios. Qual eh sua impressao sobre isso?
Defendo que amigos perfeitos nao existem, e por isso devemos valorizar aqueles bons amigos.
Nao estou criticando aqueles amigos envolvidos neste diario, mas simplesmente abordando um assunto. Fui pressionado por Sofia Young para escrever por aqui.

Ryan Field.

sábado, 2 de abril de 2011

Pentelhos do Rei - Enfim, o hedonismo

Li os últimos posts, os últimos comentários. Não vi questionamentos. Não vi debates. Não vi ócio criativo. Em contrapartida, o que vi foram opiniões, pontos de vista, certezas fundadas na dúvida, todas fundadas no prazer, na felicidade, na vida(!). Vi, enfim, a prática do hedonismo - prazer como o bem. Mas se é para viver uma fase da filosofia, porque viver a fase mais irracional dela? Apenas dou ao hedonismo o status de fase da filosofia, por mera convenção. É necessário apenas um breve momento para se aperceber que de filosofia, o hedonismo tem pouco, pois o prazer como um fim em si mesmo não resiste ao questionamento filosófico. Em verdade, o hedonismo está mais para doutrina que para filosofia. Está mais para prisão que para liberdade. O hedonista está aprisionado ao seu instinto mais básico de não ser contrariado. Viver neste postulado é mascarar a realidade que nos cerca para fugir das angústias da vida, ou pior, para não resolvê-las.


Perdoem-me os ofendidos. É apenas um contraponto. Abraços do Rui.