segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Exceção do Rei - Assunto sério

Caros leitores,

Já vou avisando, desde já, que esse não é um post comum. Não terá muita criatividade, tão pouco diversão. O assunto é sério, ou quase isso!

Abaixo dois trechos do nosso atual presidente, o filho do Brasil, em entrevista ao portal Terra, e em comício em campinas respectivamente.


"Nesse momento do Brasil! Eu duvido, duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui: Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste país, da parte do governo. Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse país. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais."

"Eu queria pedir para você, Dilma, e para você, Mercadante, não percam o bom humor, deixa eu perder. Eu já ganhei. Se mantenham tranquilos porque outra vez nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos, nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político e não têm coragem de dizer que têm partidos políticos, que têm candidatos, que não têm coragem de dizer que candidatos que não são democratas e pensam que são democratas. Democrata é este governo que permite que eles batam."

O que transparece aqui é óbvio, nosso presidente fala o que quer, quando quer e é aplaudido! Mas não dessa vez...

A mídia, que muitos dizem ser o quarto poder reagiu aos ataques de Lula, principalmente a mídia formal impressa.

Mas vamos aos comentários: Quando Lula diz que dúvida que haja país no mundo com maior liberdade de imprensa é porque obviamente ele não lê aquilo que critíca. Hoje, no Estado de São Paulo há duas notícias logo na capa: "Justiça do TO põe 'Estado' e mais 83 veículos sob censura"; "Estado sob censura há 423 dias". Onde está a liberdade de expressão, presidente?

Quando o nosso presidente, em comício, ataca a mídia formal do seu país, ele não só ataca os princípios da democracia, mas demonstra também o populista que é: diz que o governo permite que batam; ora, o que ele quer fazer? Voltar a censura?

Bom, como eu ia dizendo, a imprensa reagiu. Os dois maiores veículos de jornal impresso do país em seus editoriais criticaram veementemente o governo e a postura do presidente petista. A folha, mantendo a imparcialidade que faz questão de ter, repudiou a tendência controladora do presidente, o culto a censura, e os ataques infundados a mídia. O Estadão atendeu ao pedido do presidente Lula e disse, com a faca entre os dentes, que "com todo o peso da responsabilidade" apoia a candidatura do José "Vampiro" Serra - o grifo é por minha conta. O editorial que carrega o nome "O mal a evitar" diz ainda que o dono do PT trata o Governo e Partido em comunhão, como uma coisa só. E ai está, leitor, o verdadeiro risco a democracia.

O que Folha e Estado fizeram foi um ato de coragem, uma defesa de classe, e talvez o mais comovente: Proteção a seus interesses, mas de quebra a proteção de nossos direitos a livre expressão. Ato de coragem esse devido a certeza de mais 4 anos de governo petista, mais 4 anos de massacre a imprensa e que com certeza irá ter retaliações aquilo que obviamente o PT considerará como ato terrorista a suprassuma instituição da Estrela Vermelha, que de vermelha só tem o sangue daqueles que sustentam os postos de suas governanças.

A Folha e o Estado bateram de frente com aquele que é o presidente com uma aprovação sem precedentes. O Deus da política nacional, O Cara de Obama, O Filho do Brasil, e agora, talvez, O Candidato ao Oscar. E o pior: o discurso da Folha e do Estado, a revolta escrita, de nada adiantará, é claro, límpido como água de torneira, a imagem de Lula em nada será prejudicada! Eita molusco de culhões esse...

Há ainda aqueles que sairão em sua defesa gritando: "Mídia Golpista, Facista!"

E a razão de tudo isso também está sendo esfregada em nossa cara, estamos engulindo merda e nem percebemos, isso por quê? Porque ninguém se interessa em educar o povo, não da pra fazer isso com um povo consciente de seus direitos, informado e que tem condições de ler um jornal e construir seus pensamentos por si só!

Alienados de todo o país, uni-vos! Vamos lutar pela dignidade arranhada de nosso Líder Barbudo, desse homem do povo que distribui renda - aos extremos, ricos e pobres!

Pois é, Lula achou a fórmula para conquistar a opinião pública: alienar a classe média, dar pão aos pobres e dar dinheiro aos ricos! O resto vai na inércia... Ah, fazer uma mediazinha internacional também vale (pra quem apelidou o Viajando Fernando Henrique).

Aaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrreeeeeeeeeeeeeeeeeee, que asco!

Veja bem, não estou dizendo que Serra é melhor que Dilma, ou vote nesse ou naquele. O que brado é a favor da justiça, se é que há alguma no Brasil, mas é que as coisas não podem terminar assim...

Nosso presidente não pode fazer campanha antes da hora, não pode cumprir agenda de candidato, não pode dizer o que quer, não pode! E foda-se, ninguém liga pra isso! Ele é Lula lá, Lula aqui.

Que a faixa se passe, que as coisas continuem iguais, mas que critiquem, que se faça uma oposição corajosa, não essa afeminada que os Tucanos fazem, mas uma oposição direta e que vá pra cima do Lula, porque ele não é Deus, e se é eu quero é ir pro inferno!

Do indignado,

domingo, 26 de setembro de 2010

Gozadas do Rei - Sabores e sabores

Hoje trarei-lhes um tom um pouco diferente dos assuntos tratados ultimamente, um pouco mais puxados para as peripécias de Kakau, mas em um estilo próprio, a crítica alegrativa.
O que me motivou, além da falta de outro assunto para escrever, foi minha ida ao mercado recentemente.

Estava escolhendo barrinhas de cereais para comprar, e me deparo com uma barrinha cor-chocolate, apetitosa na foto, por apenas R$1,98. No caixa acusa R$2,45! Volto para conferir, e tinha escolhido a barrinha errada: A mais barata era sabor chocolate, e a de R$2,45 era de sabor bolo de chocolate... Sabor bolo de chocolete. Bolo! Na hora pareceu aburdo a diferença de preço, mas depois eu cai na real: é bem mais fácil adicionar o chocolate à barrinha do que ter que fazer o bolo de chocolate antes. Lógico! Quanta ignorância a minha.

Esse sabor me lembra também aqueles salgadinhos sabor pizza. Porra, com tanto sabor de pizza eu sempre compro o sabor mussarela com tomate, bem o que odeio! Já pensou se vem um salgadinho doce, do sabor "pizza de banana"? Pelo menos nunca comprei o sabor "pizza de brócolis", nesse ponto eu tenho sorte. Ja tentei salgadinho e bolacha, mas todos vem no mesmo sabor! Então por que não põe logo "sabor de mussarela com tomate"?

Já sei, quando eu estiver no rodízio eu vou pedir uma pizza sabor barrinha de cereal! E se ela não vir com o sabor barrinha de cereal de bolo de chocolate, eu saio sem pagar a conta!

Engraçado são aqueles iogurtes... Quando sobra o restinho dos sabores dos iogurtes nos tanques das fábricas, o que você acha que acontece? Aí que surge sabores estilo maçã com banana com pera com melancia com morango com chocolate com limão com aveia e avelã com castanha-do-pará com laranja semidesnatado e light, e você toma com aquela cara: "Huuummm, que gostoso! Da pra sentir o gosto da maçã com banana com pera com ... respira fundo) ... com laranja" como se percebesse alguma diferença.

Pode parecer besta, mas isso pode virar um caos! Já pensou você comprando arroz sabor ervilha? E se tiver alergia à ervilha? Ou feijão sabor bolo de chocolate... não, não, melhor: feijão sabor pizza de barrinha de cereal de bolo de chocolate!

E aqueles macarrões instantâneos? Conte quantos sabores diferentes você ja viu. O melhor é que tem sabor galinha, e sabor galinha caipira. Pra quê? Não não, o melhor é o sabor feijão! Presta atenção: "macarrão sabor feijão". Vo inventa o macarrão sabor almoço, porque nem de acompanhamento vão precisar mais! Aliás, "macarrão sabor almoço com sobremesa"!

E aquelas comidas lights, que tem uma mulher gostosa tomando com uma cara de delícia um bagulho batido branco e nojento, e na embalagem escrito 0%gordura trans, 0,002calorias, e por aí vai. Diz na embalagem "sabor aveia e grãos". Sabor aveia e grãos... Qual o gosto da aveia e grãos? A comida é branca, amigo, e branco não tem gosto! E ninguém vai fica gostosa se tomar um bagulho branco nojento sabor aveia com grãos! Aliás, quem sabe a palavra "grãos" não esconde o monte de porcaria ruim que sobra nas fábricas que misturam com a aveia naquele shake delicioso?

Não existe mais sabores a serem inventados, daí começam a avacalhar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Testículo do Vila - "O perigo mora ao lado"

Caros leitores,

Vou-lhes dizer com poucas palavras o tanto que me angustia... Passar, andar, sentir-te em minhas alucinações toda vez que passo a tua porta.

É cliche, mas vou-lhes dizer, é o amor... Ao tendencioso amor do momento, amor preciso, que me impulsiona até o olho mágico toda vez que sai para passear com seu lindo cachorrinho, será que ele tem telefone? hehe

A boa é que estou a espreita, estudando e vigiando a melhor hora. Hora em que o tigre nervoso sai de dentro de mim e avança, pronto pra levar paulada!

Pois é, é assim... Minha falta de coragem não me deixa chegar perto do belo perfume dos lírios, dos seus olhos de gueixa e do seu sabor, que em meus delírios tenho por certo já saber o gosto.

Sinto muito, mas estou apaixonado.

Com carinho,

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Bombadas do Rei - Visita do holanda

Segunda-feira: Tinha que ir buscar um amigo holandês no aeroporto mas minha técnica me fez contribuir num trabalho “voluntario” com o time de tênis. Fui numa igreja servir comida aos pobres. Experiencia interessante. Nunca havia feito algo assim. Eles eram muito gratos e foi bom fazer uma boa ação. Voltei pra casa e vi o holandês depois de 2 anos que não o via. Fomos num bar comemorar a reunião. Admiro seu estilo de vida. Ele trabalha por si so, tirando fotografias. Viaja pela Europa e eh sua segunda vez nos Estados Unidos em 2 anos. Veio aos States passar uns dias comigo e outros amigos por 3 semanas, disposto a fazer qualquer coisa.

Terca: Muita correria. Entreguei uma redação, A noite, bar com o Holanda. Detalhe, eu tinha 2 provas no dia seguinte.

Quarta: Acordo de manha e encontro 2 meninas de calcinha dormindo nos sofás. Que orgulho dos meus colegas brasileiros, Marcos e Marcelo. Depois, 2 provas. Mandei bem nas provas e para comemorar fomos na churrascaria Fogo de Chao com o Marcao e Holanda. Muito bom poder relaxar e comer churrasco acompanhado de caipirinha pela primeira vez em 8 meses. Depois de comer quase um boi inteiro, fui treinar tênis, onde minha técnica me fez correr. Agradeco por estar vivo. Depois, cassino com o Holanda. Decepcionados pela falta de sorte (principalmente o Holanda por ter perdido $80 dolares. Mas que se foda, o cara ganha em euros), fomos num bar onde ficamos muito loucos. Cervejas por 1 dolar.

Quinta: Após a aula, mostrei a cidade ao Holanda. Fomos ao cassino recuperar o dinheiro, mas fomos rejeitados por não estarmos com os passaportes. Talvez foi Deus tentando nos poupar de sermos roubados novamente. Fomos a um restaurante com churrasco típico de Kansas City. Seguindo a ma influencia do Holanda, roubei uma placa que diz para não pisar na grama para por em casa. Agora, me preparo para a ir a um ultimo bar na ultima noite do Holanda. Cervejas por 1 dolar novamente. Vamos ver no que vai dar.

Exceção do Rei - Feliz

Para os que acharam que este leitor das exceções tivesse morrido, eis que volta diante deste blog de sucesso!

Volto para casa, e, cansado do de sempre, arrisquei o de antigamente.
Meu orgulho foi grande, minha negligência [se é que me permitem o termo] maior. E minha indiferença então?
À merda tudo isso!
Aprendi quando devo abaixar a guarda e quando ataco.

Arrisquei o de antes, desacreditado, lhes confesso. Mas eu mal sabia! Minha ignorância era grande, oras. O de antes sempre esteve por lá, aguardando minha rudez ir embora. A rudez foi, e eu quase fui também.

Talvez o tempo tenha ajudado a valorizar o momento e as pequenas oportunidades de sempre que não percebemos. A indiferença deu lugar ao lazer, a negligência virou opotunidade e o "nunca" agora é "um dia".

Aguardo ansioso por ele.

Denis Kanto

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Pentelhos do Rei - Conquistas deste blog

Caros leitores, venho saudar-lhes. São boas as notícias!

Ontem verifiquei as estatísticas deste blog e fui surpreendido com a informação de que mês passado tivemos mais de 300 acessos! Isso porque não fizemos marketing algum! O que seria de nós se tivessemos uns trocados para contratar os marketeiros do Kassab ou da Dilma?! O céu seria o limite! rsrs

Outro dado que me alegrou foi o fato de sermos acompanhados por outros países. Temos acessos dos EUA, Canadá e França. Quem diria! Os temas aqui tratados e aqui vividos têm sido os mesmos daqueles tratados e vividos lá no exterior. Afinal, o que gera a simpatia é a identidade. Agradeço aos nossos colunistas do exterior que têm trabalhado por este blog! Fico feliz de viver essa experiência.

Espero que o Diário do Rei continue a bem trabalhar os temas do desespero, da política, da economia, do "amor", da piada, da mulher, isto é, do cotidiano que tanto nos aflinge, que tanto nos acostumamos a suportar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Gozadas do Rei - Mundo em crise

O mundo está em crise
coisas estranhas acontecem de repente
sem nenhum motivo aparente
não sei nem por que nem pra quê

Fiz muito: suei, sofri, cabulei, corri, ouvi. Conquistei!
sabia que só ia piorar, mas eu gostava
cada vez gostava mais, e quando tudo parece controlado
um sai, dois, três... mostra o alicerce de vidro
e já não gosto mais, não vejo muito futuro
parece que saturou
é um sintoma ou motivo?

Primeiro tinha que ficar num lugar
por isso ficava
cada vez menos feliz, ficava menos
Depois podia ficar noutro lugar
por isso ficava
ficava cada vez mais, talvez menos feliz

Obrigação ou prazer
ausência ou presença
situações diferentes, o mesmo final
terei eu o mesmo destino inevitável?

Agora vou começar algo novo experimentar outra coisa
tomara que não aconteça mais uma vez
pois desta vez, será o futuro certo e necessário em exercício
é bom que não sature

Fugi disso pra ver se eu conseguia me explicar
fui pra longe, gastei dinheiro
entre amigos, futebol e etílico
onde o bagaço que o organismo fica renova o espírito
esse lugar é bom demais, mas tive que voltar

De volta à "vida"
vamos ver o que dá
só sei que quando ficar velho
vou voltar pra lá

Como uma doença, a saturose veio
não sei se é aguda ou crônica
tomei o remédio, agora é aguardar

Não sou o único nem estou sozinho
É o mundo que está em crise
Apenas sou globalizado

Foto 1: Mundo em crise?
Foto 2: Satisfazendo-se disfarçadamente

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Testículo do Vila - "A vida é um filme"

- Do que mais gosta?

- Do dia!

- ...

- Do dia, igual a esse. Frio e ensolarado! É meu clima favorito.

- Você é bixa?

- Não, sou paulista.

- O que tem o cu cas calça?

- A cueca oras...

- Menino, disse que o que você mais gosta é o dia frio e ensolarado... E mulher, não gosta não?

- Gosto, mas eu gosto mais do dia assim...

- ...

(10 minutos depois)

- E o que tem o dia de tão legal assim?

- Sei lá, eu me sinto bem, feliz... Parece um filme sabe?

- Não!

- É tipo um filme europeu, as pessoas saindo com um cachecol, agasalho e o sol rachando lá fora, quase que dá pra sentir o ventinho gelado vindo...

- Eu gosto de cerveja.

- Eu também, mais no calor.

- Mas você não gosta do frio ué?

- Gosto, mas só assim, nesse dia assim...

- Mas não da pra beber.

- Dá ué, é só beber.

(30 minutos depois)

- Um brinde

- A que?

- A seu dia, e as minhas mulheres!

- Já está anoitecendo...

- E dai?

- Não gosto de noites frias!

- Mas que diabo, por que você não para de ser viado?

(1 hora e 2 meninas depois)

- Do que você mais gosta nessa vida?

- Hum... não sei, acho que de noites de céu aberto e ligeiramente quentes

- Sério?

- Uhum.

- Por que?

- Sei lá, não conheço clima melhor pra caminhar...

- ...

- Eu acho meio romantico sabe?

- Ahhh mais ou menos

- Eu me sinto meio em um filme... O cara levanta do bar, e leva a mulher até em casa, caminhando em uma noite como essa, no final, bem, rola um beijo ... tenho certeza, em uma noite como essa.

Bombadas do Rei - Suco de laranja

Suco de laranja

Vitaminas ele contem

É sempre o mais delicioso

Ummm, de manha ta la o suco

Sem ser artificiau

Legal

Observação: os erros gramaticais são propositais.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pentelhos do Rei - Lula: Muito Estado, pouca Democracia

Estava eu preparando minha coluna, tranquilo, dissertando sobre relações humanas, numa mistura de prosa e canto, quando fui surpreendido por uma notícia do nosso Presidente Lula. Era uma declaração dada pelo Presidente em um comício em Santa Catarina. Defendendo a sua candidata no estado, Ideli Salvati, Lula disse com todas as letras que o partido Democratas (DEM) deveria ser extirpado do Brasil. A partir de então, sinto revolta. Revolta, em primeiro lugar, com a pessoa que governa nosso país, depois com a preponderância do populismo sobre a Democracia e, por último, com o futuro do nosso país que pode ser governado pela mesma corja nos próximos anos.

Não é exagero por parte do DEM comparar as declarações de Lula às de Hitler na Alemanha nazista. De fato, naquela época a ordem era a de que os judeus deveriam ser extirpados, assim como os demais que não aqueles da raça ariana. Da mesma forma, mais de meio século depois, é preocupante termos um Presidente de mentalidade tão arbitrária, digo melhor, tão antidemocrática. Extirpar um partido político, no caso do DEM, apenas pelo fato de ser o único partido de clara oposição ao partido da situação, é violentar o Estado Democrático de Direito por qualquer ângulo que se analise.

Com tal postura, nosso presidente demonstra o que motiva sua amizade com os déspotas latinos, a saber, Evo Moralez e Hugo Chávez. É a sede de poder mascarada pelo discurso fajuto de distribuição de renda. A fórmula é a prevalência do populismo sobre a Democracia. O resultado é um país cada vez mais acéfalo, um país que precisa das migalhas do Estado para sobreviver, pagas às custas da sociedade acuada.

Cabe à nós cidadãos lembrarmos sempre que a Democracia é o governo da maioria com respeito às minorias. O fato de fazer oposição não é discrímen válido para extinguir partidos políticos, com o perdão da obviedade. O debate, a discussão, a oposição e a situação fazem parte do processo democrático e devem ser respeitados como base de todo o Estado.

O governo da maioria sem respeito às minorias nada mais é senão modalidade de ditadura em que a Lei deixa de ser fator regulatório dos problemas humanos para dar lugar à vontade da maioria, que, como se sabe, nada tem de inteligente.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Gozadas do Rei - Motivação

Segundo um dos trechos de livros que li por aí, 50% da motivação de uma pessoa vem de dentro, ou seja, dos fatores interiores, como sonhos, valores pessoais adquiridos ou incluídos pela comunidade em que vive, e 50% vem de fatores externos, como estímulos e recompensas entre outros. É engraçado como este livro e tantos outros que tratam de assuntos tão não-mensuráveis, o tratam como assunto tão exato, tão calculável.

Para mim ou qualquer um que cultue o lado mais exato das coisas, como engenheiros, economistas ou administradores, é natural tentar quantificar, mas se quem estiver lidando com a motivação for alguém exato, já não será o mais apto a fazê-lo, pois motivação já é bem mais humano, e deve ser tratado como qual e "pelo qual".

Independentemente se quem mexe com isso é exato ou humano, é impossível tratar com ela se você não tem nasceu com algum dom para isso ou tem o incrível talento de aprender estas habilidades, ou o cara que escreve um livro desses foi um cara qualquer que ouvir falar sobre e sabe escrever e enganar bem?

Ta aí: os entendedores usam seu tempo para pode interpretar e até arriscar a quantificar fatores incalculáveis para os leigos ou que dependem disso, para que estes leiam e finjam aprender sobre o assunto, porque se fosse aprender de verdade, abandonariam a profissão pra virar outro escritor. Podemos até aprender o que tentam passar, mas será aquele "aprender" de prova, que funciona para tirar uma nota azul em prova ou trabalho.

E fica assim: humanos quantificando o impossível e os exatos tentando "humanizá-los".
Pode parecer fácil quando os estímulos externos são salário e demissão, mas vão ter que escrever outro livro se quiserem quantificá-los onde o grupo é totalmente heterogêneo e não há riscos à sua conta bancária ou integridade moral.


Hoje vou inovar: Ta aí um VÍDEO além da imagem do dia. Veja que qualquer mera brincadeira que acumule energia demais pode ser perigoso como tal!

domingo, 12 de setembro de 2010

Tributo a Victor Hugo

"Onde foi - pensou Raskólnicov seguindo adiante -, onde foi que eu li que um condenado à morte, uma hora antes de morrer, pensava e dizia que se tivesse de viver em algum lugar alto, em um penhasco, e numa área tão estreita que só coubessem dois pés - e cercado de abismos, mar, trevas eternas, solidão eterna e tempestade eterna - e fosse forçado a permanecer assim, em pé no espaço de um archin a vida inteira, mil anos, toda a eternidade, seria melhor viver assim do que morrer agora!? Contanto que pudesse viver, viver, viver! Não importa como viver, mas apenas viver!... Que verdade! Deus, que verdade! O homem é um canalha! E é canalha aquele que por isso o chama de canalha"

Foi de Notre Dame de Paris, de Victor Hugo que o autor bebeu.

E como é verdade!

Fiodór Dostoiévski em Crime e Castigo, página 172. Editora 34, 6ª Edição.
Tradução de Paulo Bezerra.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Testículo do Vila - "O fim da agonia"

Alguém por ventura já sentiu pavor, temor, repugnância e agonia em um mesmo momento? Vou-lhes contar...

Estava a voltar de um afazer qualquer, sem a menor importância, e como de hábito, ao andar no metrô de são paulo pûs me a ler. Era um romance profundo, vivido, para não dizer encardido com as miasmas humanas.

Eu, horas antes, me encontrava em estado deplorável, afinal sou medíocre em quase tudo, inclusive quando se trata de sentir, mas não naquele dia. Ora, estava eu em plena atividade diária quando me dei conta: "Estou em nervos, suando em bicas, minha cabeça já não funciona, preciso sair, preciso deixar tudo, preciso ir..."

Voltando ao metrô, algumas horas depois, já me encontrava mais calmo, tranquilo, domesticado. Foi quando ao ler meu anti-herói, Ródia, que percebi uma semelhança nítida entre as linhas e minhas linhas, eu era um desastre. Veio-me então todo tipo de sentimento, da mais notória vileza, me atormenta a alma só mesmo pensar.

Fiquei em pânico, desesperado, senti que queria findar tal agonia, pedi a morte. Sozinho, no canto, sentado. Enquanto o trem passava, sofria quieto, sem coragem de gritar. Mas que repúdio, que ódio, fiquei com asco. Não sou nada que já não sabia, mas ali se apresentou a mim minha pior face, a visão de um fraco em farrapos, sem força para reagir diante de algo que lhe esmaga, uma dor dilacerante, que me traz ferrugem, que fede.

Insisti em ler, era desesperador, precisava continuar, achar uma esperança para minha vida naquelas muitas linhas. Elas só me faziam tremer, e mais uma vez, em agonia, dei um fim. Fechei o livro e os olhos, voltei a ignorância de minha mente medíocre, e apenas com a certeza de que é melhor assim.

Por fim, hoje sei, mais que nunca: "A poesia me faz chorar ao saber que tudo que sinto, por sua vez, é sentido não por mim, mas pelas linhas que me regem".

Deixo-os, então, com um poema que é símbolo de meu otimismo em uma vida sem estradas, sem certezas, sem futuro e sem alegria, mas uma vida vivida, sentida com as tripas.

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pentelhos do Rei - A arte da argumentação

Aquela poderia ser somente apenas mais uma sessão de julgamento como todas as outras, em que os advogados fingem ser advogados, os juízes fingem ser juízes e o onde todo mundo finge entender o que se passa. Estava eu aguardando para assistir a mais uma sessão visando a cumprir o meu dever de estagiário de meramente anotar o resultado de julgamento dos processos sob o patrocínio do escritório que estavam em pauta naquela sessão, quando então escutei o Presidente da sessão chamar um processo da pauta e anunciar que haveria sustenção oral do advogado recorrente, ou seja, do advogado que "entrou" com o recurso.

Levantou-se do público o advogado que iria falar. Tive pena da sua imagem: era um homem muito velho, aparentando mais de 80 anos, usava bengala pois mal podia se movimentar. Naquele momento um funcionário do Tribunal foi então ajudar o velho advogado a subir ao púlpito em tormentuosos 10 minutos. De lá o funcionário não sairia até terminar a sustentação oral daquele velho Doutor já que era quase iminente que tal homem sucumbisse.

O velho advogado pendurou a bengala na parte na lateral do móvel e pôs as mãos no parte da frente do púlpito e começou a fitar os julgadores com o olhar carinhoso daquele servo preferido. Lá ele iria escutar o relatório e voto do relator do acórdão, isto é, da decisão judicial composta pelos votos de três julgadores que analisa o recurso apresentado pela parte, reformando ou não a decisão judicial de primeira instância.

Pois bem. Perfeitamente acomodados todos os presentes no julgamento, o relator do processo pôs-se a ler o relatório do processo, descrevendo pormenorizadamente tudo o que foi coletado no processo: provas documentais e testemunhais, teses de defesa, audiências e etc. Findo o relatório, o relator então pôs-se a ler o seu voto demonstrando sua divergência com a argumentação utilizada pelo velho advogado, citando para tanto diversos precedentes em contrário, assim como discorrendo sobre opinião de outros juristas também contrários à argumentação. Por fim, numa atitude insensível e degrandante, ainda disse que ele não iria reescrever seu voto, não importava o que fosse dito na sustenção oral. Feito isso, deu a palavra ao idoso do púlpito.

A atenção de todos agora estava voltada para aquele pequeno móvel situado de frente à menor parte da enorme mesa retangular em que sentavam os julgadores. A altura do púlpito é tradicionalmente menor que a do tablado dos julgadores, isso para demonstrar humildade e respeito. Coisas que certamente aquele advogado sempre prezou.

Logo se viu uma nova postura. Deixando de lado o microfone, o velho advogado encheu o peito pôs-se a cumprimentar todos os presentes com os tradicionais "íssimos": Digníssimos, Ilustríssimos e Meretíssimos. Após, pôs-se a discorrer sobre os fatos atestados no processo; sobre a colheita de provas; o belíssimo trabalho do perito e dos assistentes técnicos; e as teses levantadas no processo. Discorreu sobre o conceito filosófico de verdade, minuciando cada autor e a evolução do conceito. Naquele momento pairava na sessão a impressão de que aquele discurso era desconexo, em nada aplicável ao caso em julgamento.

Foi então que o Presidente da sessão pressionou o botão que sinaliza o fim do tempo previsto para a sustenção oral daquele advogado e tentou prosseguir no julgamento pedindo o voto do revisor - o segundo julgador do acórdão.

Vendo a movimentação dos julgadores, o velho advogado pediu a palavra novamente e disse calmamente:

- Digníssimo Presidente, confesso que a idade me maculou a audição e é só com muito esforço posso escutar o que se passa nesse ambiente. Tenho a impressão de que ouvi um alarme noticiando o fim da minha sustenção oral, contudo, "data maxima venia", custo a acreditar que o Digníssimo Presidente praticou tal ato, pois o tempo dedicado à sustenção oral dos patronos das partes é de 20 minutos nos termos do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal. De acordo com o meu relógio, que apesar de velho e pouco enferrujado, não falha, passaram-se tão somente 9 minutos, restando, portanto, mais 11 minutos para esta sustentação oral.

Instaurou-se alto burburinho naquela sessão. O Presidente pediu um momento para consultar Regimento Interno do Tribunal e, atestando que o tempo para a sustentação era de 20 minutos, determinou que o orador prosseguisse na sustenção oral.

Com a mesma paciência e gentileza, prosseguiu na sua sustentação, defendendo a tese minoritária, ou seja, a de menor adesão pelos precedentes daquele Tribunal e demais julgados. Pontuou, como se tivesse um quadro negro naquele momento, os principais pontos da argumentação, demonstrando então a clareza e completude de toda a sua sustentação oral feita naquele recinto. Por fim, novamente cumprimentou os presentes e finalizou seu discurso depositando sua confiança na sensibilidade e competência daquele Tribunal, que decidiria, então, com Justiça.

Enquanto o velho advogado se dirigia novamente ao assento reservado ao público, a sessão ficou em silêncio, todos chocados com o que haviam presenciado. Cada um presente naquela sessão naquele momento juntada como cacos de vidro as concepções adquiridas durante o tempo de faculdade acerca da matéria tentando contrapor a argumentação daquele velho orador. Era inútil. Era impossível. Ele havia conquistado a platéia e o resultado já era previsível.

Bestificado, o relator do processo, que outrora havia declarado que não mudaria seu voto, pediu a palavra e declarou com a voz firme que havia não só escutado uma sustentação oral, como também presenciou uma lição de vida. Reconheceu que por vezes a função de julgador causa a falsa impressão de que uns são melhores que outros, criando preconceitos e minando o ideal da justiça. Diante disso, considerando a argumentação do advogado, declarou que iria reescrever seu voto, agora já convencido de que a justiça estava com aquele velho advogado.

Foi então que novamente se viu o sorriso no rosto daquele velho advogado, com aquele olhar carinhoso daquele servo preferido.

domingo, 5 de setembro de 2010

O Próprio - Por que votar? ou não...

Nesta época em que só se fala de eleições, trouxe um "pequeno" texto bastante esclarecedor sobre o tema.


"Nos departamentos de economia de certas universidades, circula uma história famosa, mas provavelmente apócrifa, sobre dois economistas de renome mundial que se encontraram quando se preparavam para depositar seus votos na urna eleitoral.

"O que você faz aqui?", perguntou um deles.

"A minha mulher mandou que eu viesse", respondeu o outro.

O primeiro balançou a cabeça em sinal de que entendera. "Comigo ocorreu o mesmo".

Após um momento mutuamente constrangedor, um deles concebeu um plano: "Se você prometer que nunca dirá a ninguém que me viu aqui, eu prometo também jamais contar que te vi neste local". Eles deram um aperto de mão, cumpriram a sua tarefa de eleitores e deram o fora.

Por que um economista ficaria embaraçado por ser visto em um local de votação? Porque a votação implica um custo --em tempo, esforço e perda de produtividade--, sem nenhum retorno discernível, exceto, talvez, por alguma sensação vaga de "cumprimento do dever cívico". Conforme a economista Patricia Funk escreveu em um trabalho recente, "Um indivíduo racional deveria se abster de votar".

A possibilidade de que o seu voto venha realmente a afetar o resultado de uma determinada eleição é extremamente remota. Isso foi documentado pelos economistas Casey Mulligan e Charles Hunter, que analisaram mais de 56.000 eleições parlamentares federais e estaduais realizadas nos Estados Unidos desde 1898.

Apesar de toda a atenção dada pela mídia às eleições muito disputadas, a verdade é que tais eleições são bastante raras. A vantagem média das vitórias nas eleições para o Congresso é de 22%, e para as assembléias estaduais de 25%. Até mesmo nas eleições mais apertadas, um voto individual quase nunca é crucial para decidir a disputa.

Dentre as mais de 40 mil eleições parlamentares estaduais analisadas por Mulligan e Hunter, envolvendo mais de um bilhão de votos, somente sete eleições foram decididas por um único voto, e apenas duas terminaram empatadas. Dentre as mais de 16 mil eleições para o Congresso, nas quais um número bem maior de eleitores vota, somente uma eleição nos últimos cem anos --uma disputa eleitoral em Buffalo, no Estado de Nova York, em 1910-- foi decidida por um único voto.

Mas há uma questão mais importante: quanto mais disputada for uma eleição, maior é a probabilidade de que o seu resultado não dependa dos eleitores. Este exemplo ficou mais patente, é claro, na eleição presidencial dos Estados Unidos de 2000. É verdade que o resultado daquela eleição acabou sendo decidido por um punhado de eleitores. Mas os nomes destes foram Kennedy, O'Connor, Rehnquist, Scalia e Thomas [juízes da Suprema Corte dos EUA, que decidiram que os votos da Flórida não deveriam ser recontados, o que deu a vitória a George W. Bush]. E foram apenas os votos dados por eles enquanto usavam as suas túnicas de juízes federais que tiveram importância, e não aqueles que depositaram nas urnas como cidadãos comuns.

Mesmo assim, as pessoas continuam votando aos milhões. Por que? Eis aqui três possibilidades:


1. Talvez nós simplesmente não sejamos muito espertos e, portanto, acreditemos erroneamente que os nossos votos afetarão o resultado final.


2. Talvez votemos com o mesmo espírito de quem compra bilhetes da loteria. Afinal, as nossas chances de ganhar na loteria ou de afetar o resultado eleitoral são bastante similares. Sob uma perspectiva financeira, jogar na loteria é um mau investimento. Mas é algo divertido e relativamente barato: pelo preço de um bilhete adquire-se o direito de construir fantasias sobre como gastar o dinheiro da premiação --de forma semelhante à nossa fantasia de que o nosso voto terá algum impacto sobre a política.


3. Talvez tenhamos sido socializados em torno da idéia do voto-como-um-dever-cívico, acreditando que, se as pessoas votarem, estarão fazendo uma boa ação para a sociedade, ainda que tal ação não seja particularmente boa para o indivíduo. E, assim, nos sentiríamos culpados por não votar.

Mas, espere um minuto, diria você. Se todo mundo pensar no voto à maneira dos economistas, poderemos terminar não tendo eleição alguma. Nenhum eleitor compareceria às urnas acreditando realmente que o seu voto individual afetaria o resultado da eleição, não é mesmo? E não seria uma crueldade até mesmo sugerir que o voto do eleitor é completamente inútil?

Eis realmente uma questão intrigante --um comportamento individual aparentemente sem sentido, que, quando agregado a outros semelhantes, se torna bastante significativo. Eis um exemplo similar revertido. Imagine que você e a sua filha de oito anos caminham por um jardim botânico quando, subitamente, ela arranca um belo botão de uma árvore.

"Você não deveria fazer isso", diz você à criança.

"Por que não?", pergunta ela.

"Bem, porque se todo mundo arrancar uma flor, não restará flor alguma", argumenta você.

"Sim. Mas ninguém mais está arrancando flores", diz ela com um olhar expressivo. "Somente eu".

Nos velhos tempos havia incentivos mais pragmáticos para que o eleitor votasse. Os partidos políticos pagavam regularmente US$ 5 ou US$ 10 aos eleitores para que estes depositassem o voto "correto" nas urnas. Às vezes tal pagamento era efetuado na forma de um pequeno barril de uísque, uma saca de farinha de trigo, ou, no caso de uma eleição congressual em New Hampshire, em 1890, um porco vivo.

Hoje, como naquela época, muita gente se preocupa com o baixo comparecimento do eleitorado às urnas --somente um pouco mais da metade dos eleitores participou da última eleição presidencial norte-americana--, mas poderia valer mais a pena virar este problema de ponta-cabeça e, em vez disso, formular uma pergunta diferente: considerando que o voto de um único indivíduo quase nunca tem importância, por que então tanta gente ainda se dá ao trabalho de votar?

A resposta pode estar na Suíça. Foi lá que Patricia Funk descobriu um maravilhoso experimento natural que permitiu que ela fizesse uma avaliação precisa do comportamento do eleitor. Os suíços adoram votar --nas eleições parlamentares, nos plebiscitos, ou em qualquer outra oportunidade que se apresente. Mas a participação do eleitor começou a diminuir no decorrer dos anos (talvez lá os políticos também tenham deixado de fornecer porcos vivos), de forma que se criou uma nova opção: o voto pelo correio.

Enquanto que nos Estados Unidos todo eleitor precisa se registrar, na Suíça a situação é diferente. Todo cidadão suíço recebe automaticamente uma cédula pelo correio, que, a seguir, pode ser preenchida e enviada à Justiça Eleitoral, também pelo correio.

Sob a ótica de um cientista social, existe beleza na montagem desse esquema de votação postal. Devido ao fato de ele ter sido introduzido nos diferentes cantões (os 26 distritos semelhantes a Estados que compõem a Suíça) em anos distintos, foi possível realizar uma mensuração sofisticada dos efeitos da medida no decorrer do tempo. Nunca mais nenhum eleitor suíço precisou marchar até as urnas debaixo de uma chuva torrencial. O custo do voto individual foi significativamente reduzido. Portanto, um modelo econômico preveria que a participação do eleitor aumentaria substancialmente. Foi isso o que aconteceu?

De jeito nenhum. Na verdade, com freqüência, a participação do eleitor diminuiu, especialmente nos cantões menores e nas pequenas comunidades. Essa descoberta pode ter sérias implicações para aqueles que defendem a votação pela Internet --que, há muito tempo se argumenta, tornaria a votação mais fácil e, portanto, incrementaria a participação do eleitor. Mas o modelo suíço indica que a verdade pode ser exatamente o contrário.

Mas, por que as coisas ocorrem dessa forma? Por que um número menor de pessoa votaria quando o custo da votação fosse reduzido?

A resposta tem a ver com os incentivos subjacentes à votação. Se um determinado cidadão não enxerga a possibilidade de o seu voto afetar o resultado eleitoral, por que então ele se importaria?

"Na Suíça, e também nos Estados Unidos, existe uma norma social bastante forte, determinando que um bom cidadão comparece às urnas", escreveu Funk.

"Enquanto a votação nas urnas tradicionais era a única opção possível, havia um incentivo (ou pressão) para o comparecimento do eleitor, apenas para que este fosse visto a votar. A motivação poderia ser uma esperança de contar com estima social, benefícios pelo fato de ser visto como um cooperador, ou simplesmente uma tentativa de evitar ser alvo de sanções formais. Como nas comunidades pequenas as pessoas conhecem melhor umas as outras e fazem fofocas sobre quem cumpriu ou não com os seus deveres cívicos, os benefícios advindos da aderência à norma são particularmente elevados nesse tipo de comunidade".

Em outras palavras, nós votamos devido ao interesse pessoal --uma conclusão que satisfará aos economistas--, mas não necessariamente devido ao mesmo auto-interesse expresso na escolha que fazemos na cédula eleitoral.

Apesar de toda essa história a respeito de como as pessoas "votam com o bolso", o estudo suíço sugere que o que pode nos impelir a votar é mais um incentivo social do que financeiro. É bem possível que o lucro mais valioso obtido com o voto seja o fato de o eleitor ser visto pelos seus amigos ou companheiros de trabalho no local de votação.

A menos, é claro, que você seja um economista."


Texto retirado do livro Freaknomics, por STEPHEN J. DUBNER e STEVEN D. LEVITT



Stanley Allen

sábado, 4 de setembro de 2010

Testículo do Vila - "Ensaio sobre o amor e a saudades"

Quando falo de amor, quando penso em momentos em que temos o impulso de agir onde quer que ele nos leve eu também falo de Saudades. É impossível pensar em saudades sem amar, é impossível sentir saudades sem saber o que é o amor.

O amor é a mais bela poesia do momento, é a fagulha que move nossos delírios plenos, e a saudade é o combustível que alimenta momentos em que amamos a distância.

Plenitude, amar não tem nada a ver com isso, de fato o amor é a instabilidade de nossa razão, momentos em que estamos quase "constelados" - como diria Yung.

Nesses momentos, sentimos e quando não podemos celebrar junto a presença de nosso motivo de amor sentimos novamente, saudades.

Saudades não é algo ruim, é bom, significa que há amor.

Termina aqui minhas considerações sobre a relação entre saudades e amor.

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Meu caro amigo,

Faça uma boa viagem, explore a terra dos afrescalhados e as mulheres de biquinho ao falar. Tome um bom vinho, coma um bom queijo, divirta-se naquela que já foi a maior metrópole do mundo, pois tudo que lhe reserva é a vida longe da brasilidade, do pandero e do samba; pois bem, ensine-os, faça um samba de roda e leve o verde-amarelo para ares perfumados onde o suor é disfarçado.

Aqui sentirei saudades, amarei a distância e sentirei sua presença em momentos bohêmios que tenho certeza: compartilharemos a alguns mil quilômetros de distância.

Vá com Deus, e procure o tinhoso, pois ele lhe reserva toda a sujeira e devassidão que agita a alma do homem.

A revoir,

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Gozadas Precoce do Rei - Volto logo

Escritor também é gente. Por isso peço licença para invadir este dia informando que estarei viajando à trabalho neste feriado.

Quando voltar farei um comentário à minha altura, enquanto isso, acabo por aqui com uma bela observação (imagem ao lado) e com minha indignação aos corinthianos, que em plena terça feira às 23h vão ao Centro comemorar sua terrível atuação no centenário, espalhando medo entre os coitados cidadãos comuns e fazendo arruaças juntos aos seus parceiros de time, os mendigos e indigentes.
Eu morrendo de sono, louco para tomar um banho e descansar para trabalhar bem no dia seguinte, e isso?

Belo exemplo! Parabéns corinthians!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pentelhos do Rei - Despedida, substantivo contraditório

Toda despedida é dolorosa. Não há como fugir dessa máxima. Egoísta, como todo ser humano é, pensa primeiro na própria dor que sente para depois se consolar com o que outro ganhará com a partida. É nesse momento que sentimos uma explosão de sentimentos em que alegria vira tristeza, amor - termo equívoco, vide Ensaio sobre o amor disponível neste blog - vira ódio, entre outros paradoxos. Quão contraditório é o ser humano! Contudo, ao mesmo tempo que o homem está condenado aos seus instintos, com a evolução ele provou que busca superá-los através do estudo, da linguagem, da reflexão. A partir desses instrumentos mentais, o homem se eleva ao plano metafísico - além do físico -, lugar em que os verdadeiros sentimentos emanam, desprovidos de paixonites, de egoísmos e de instintos.

Muito bem. É de muito refletir que brindo mentalmente a despedida do companheiro que por um curto período de tempo, muito embora para mim pareça uma eternidade, passará longe. De uma lado, é triste termos longe alguém que queremos perto. De outra banda, consola imaginar que com a partida tal pessoa agregará experiências boas e ruins, não o iludirei, mas assim será uma pessoa maior, será grande, maior que esses homens que ficam.

Aliás, é até bom que vá. Lá não terá por perto a estrutura que o sustenta, estrutura esta composta pela família, amigos próximos e admiradores. Todo dia será mais uma etapa do desafio maior de sobreviver em busca de um sonho ou de um fim que se desconhece. Aliás, "desconhecer" é inapropriado. O verbo em questão é "apostar", termo esse que bem demonstra essa relação entre o trabalho empregado para o fim almejado. Sabe-se que esta é a formula do sucesso, contudo nunca nos ensinaram a calculá-la. Os fatores da fórmula do sucesso são subjetivos, são também inúmeros, o que torna a fórmula complexa. Porém um destes fatores é unânime: o fator esforço, dor ou sofrimento. A dor é um terreno fértil à superação. Posto em frente à dor, o homem é instigado, isto é, o homem precisa combatê-la, pois só assim transcenderá. Enfim, por mais dolorosa que seja, a experiência torna-lo-á forte. Mais forte!

Por outro lado, não obstante seja óbvio, também é importante mencionar que se deve ter a certeza de que a volta será trinfual e muito esperada. À semelhança da alegria ao ver o nascimento de uma criança, veremos um amigo novo, cheio de novidades, e, por consequência, toda a estrutura de volta. Então, será neste momento que aquele primeiro ódio virará amor, aquela tristeza, alegria e etc. Quão contraditório é o ser humano!