domingo, 13 de junho de 2010

Testículo do Vila - "Nostalgia do tempo que outrora nunca vivi"

Às vezes me pego em um papo com Vinícius, Chico, Millôr e Jaguar, naqueles botequins de frente para Ipanema, em um lento e lindo passar de tarde, regado a álcool e boas idéias. Me pego pensando nas questões mais diversas. Na vida boêmia, no arrastar da tarde, nas piadas do Millôr e na bela cartilha do poeta.

Chego até mesmo a sentir o anseio da vida enquanto a carregada brisa litorânea me chega aos pulmões; descarrego, então, toda raiva do mundo e toda incerteza do futuro num gole de uísque que já me deixa manhoso, e enfim cedo a beleza triste e solitária da mulher que a frente me passa.

Ah, sinto saudades de um tempo que não estava aqui, de uma brisa que jamais senti e de um furor que só sei porque li. A melancolia do todo me joga, então, para baixo e vejo ao redor aquilo que já não sei, já não vi, já não mais senti.

Digo, tudo que sinto é a falta de tempos que outrora existiam. Da luta certa, dos argumentos impetuosos, de um lado a escolher. Mas o que temos hoje? Apenas muitas opiniões, uma sociedade que todos sabem de tudo, um niilismo sem fim – onde até mesmo Nietzche não saberia saber.

Morreu Deus, morreu a esperança. A vida é daqueles que sabem ver os dois lados, daqueles que acham algo bom em tudo, daqueles que não sabem por que lutar!

Mas que nostalgia dos tempos em que era fácil ser mocinho ou bandido.

Contudo-isso, vou lhe dizer: o que deveras mais sinto saudades é do Vinícius e das tardes, em que não raras, havia com toda certeza uma menina, cheia de graça, que em doce balanço caminhava pro mar.

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