domingo, 31 de outubro de 2010

Pentelhos do Rei - Oposição incompetente

A eleição da candidata Dilma Rousseff à presidência do Brasil não chegou a ensaiar nenhuma surpresa. A popularidade de Lula, as já conhecidas "coligações mais que duvidosas" e a incompetência da oposição são os fatores que determinaram tal vitória. Munido do pensamento de que a fatalidade só acontece para aqueles que desconhecem os fatos, algumas palavras precisam ser ditas acerca do último fator citado, qual seja, a incompetência - beirando o amadorismo - da oposição brasileira.

De início, cabe lembrar que nenhuma palavra foi dita até que fosse anunciado o resultado no que diz respeito aos inúmeros vícios da campanha do candidato Serra. O motivo é estratégico: qualquer tipo de agouro - por exemplo, "o país tem o presidente que merece" -, principalmente no que diz respeito às matérias metafísicas, como é o caso da Política, matérias cujas certezas são tão sólidas quanto a água que escorre das mãos, só estimula a polarização das posições - no caso, de um lado o PSDB e o do outro o PT - sem assim fazer crescer as pessoas e as posições com o debate. As críticas realizadas nestes tempos, longe de serem construtivas e comprometidas com a mudança do cenário, limitaram-se a chacotear o "outro", à semelhança do que Sartre resumiu ser Deus o espelho e diabo o outro. Feitas essas considerações inclusive filosóficas, é muito mais fácil de constatar e assimilar que esta eleição foi uma batalha dos vivos do PT contra os já mortos do PSDB.

Mortos porque, em política, o principal partido de oposição demonstrou amadorismo ao perder uma batalha que já estava ganha: no início da candidatura, Dilma era desconhecida por mais de 80% da população nacional, o PT estava dilacerado, ainda se recuperando do inexplicável mensalão e o PMDB - o verdadeiro presidente do país - estava dividido, tendente a apoiar qualquer um dos candidatos.

Diante deste cenário, enquanto a oposição amesquinhava-se nas discussões entre Serra, Alckmin e Aécio, o presidente Lula fez renascer o império que construiu nos 8 anos de governo. Com seu voto de confiança, consolidou Dilma como sua sucessora; fez ressurgir o PT como legenda nacional e; trouxe pra si o PMDB do Michel Temer, do Sarney, do Jader Barbalho, do Renan Calheiros etc.

Em contrapartida, o PSDB escolheu como candidato o já testado e apático José Serra, desprezando assim o fator "carisma", que desde os tempos mais primórdios tem determinado os presidentes desse país. Não obstante, ainda incorreu no erro de tentar aproximar-se do Lula, tentando se aproveitar da sua popularidade. Adotou-se a idéia de que "o país pode mais", incorrendo na petição de princípio de contestar aquilo que está bom. Errou feio neste quesito porque não explorou os 8 anos de governo cheio de mazelas e assistencialismos, erros e projetos inacabados, para não falar da corrupção generalizada, encabeçada pelas sucessões na Casa Civil (José Dirceu, depois Dilma e depois Erenice Guerra). Aliás, para demonstrar a fragilidade dessa campanha, ante ao levantamento de supostos intelectuais pró-Dilma, não se soube explorar a intelectualidade que apoiava o candidato Serra, a saber, Celso Lafer e Ives Gandra Martins, entre inúmeros outros mais comprometidos com o país que Chico Buarque, por exemplo. Enfim, uma série encadeada de erros, os quais dificilmente seriam superados a ponto de derrotar a insofismável influência do presidente Lula na política brasileira.

A título de conclusão, o que se viu nessas eleições foi a atrapalhada inércia de uma campanha inocente, acompanhada do menosprezo à figura e à força do político presidente - mais político que presidente - Lula.

Um comentário:

  1. Acho que oposição incompetente foi sempre uma característica do PSDB.

    Mas pior que isso, e que no meu ponto de vista julgo como prioridade nas próximas campanhas do PSDB é aprender a lidar com a linguagem popular sem ferir os conservadores brasileiros, coisa que o sem jogo de cintura Serra não consegue fazer. Talvez com o Aécio, mas não tenho tanta certeza.

    Por falar no Aécio, não o culpo e não sei se ele ganharia. A Dilma tinha o Lula por trás, que é político pra caralho!

    Não vejo o fator carisma atrapalhar tanto o Serra, uma vez que a Dilma não tem nenhum, é que sobra pro Lula.

    E por fim, devo dizer que você é DEM, o que me obriga a dizer que isso é uma grande bobagem.

    Vila

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