sexta-feira, 2 de julho de 2010

Testículo do Vila - "Quando o poeta fala"

Arre! Queria eu saber fazer poemas, inspirar aqueles que me inspiram, dizer o que digo quando não digo.

O fato é: para esses, raros e específicos magos da sensibilidade, a vida é mais fácil.

Digo isso sem conhecimento de causa. Um deles talvez me dissesse, olha você, artista, deslumbrado, eterno; olhe a mim, pobre “mau-feitor”, ninguém compreende o que digo e normalmente quando digo, deveras o que não disse é melhor do que o que quis dizer de princípio.

Mas, o importante é o olhar alheio, não o olhar interior. Que valor têm algo que é feito para si mesmo, senão o valor que nós mesmos atribuímos.

Então falo sem pestana: a vida do poeta é mais facil, e simplesmente por ser poeta.

Pense um momento, ou melhor empregue corretamente a ideia de poeta e me digas, sem titubear, o que um poeta fala? Amor será sua primeira resposta.

Mas que favas é o amor? Taí, só o dito cujo sabe! Agora você vê a vantagem! Como eu, admirador eterno das beatas, vou dize-las algo sobre algo que por certo é algo que nunca soube?

Tão confuso como o voo da abelha me é o poeta. Alguém que entende os intermédios do amor, e trabalha o amor pelas palavras é de “prima” merecedor da vida.

Vivo então, a cada dia, a vida por exemplos, e a cada dia, mais dias me apaixono por quem não conheço, pela arte que não compreendo, e pelas tardes que não entendo ao lado de minha poetisa, que de longe me ganha: no lero, no verbo, no contexto, no papo, mas principalmente no amor onde me perco e não sei voltar sozinho.

Que Dante me perdoe, mas me encontro em qual inferno?

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