quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Gozadas do Rei - Samoel - Capítulo IV

"
Quando acordei aquele dia eu não imaginava que iria conhecer a área vermelha... Aquele lugar
conhecido pelo número que o identificava piscando azul-neon.

Vou contar do começo.
Na verdade, não tem muita introdução. Eu e meus amigos ja tinhamos ido em baladas open bar, barzinhos, botecos, matineés, bingos (quando não era proibido) e ainda não estávamos satisfeitos. Alí que surgiu a idéia.


Apertamo-nos no único carro do grupo e desembarcamos a 100 metros do local, e aí ja começou o suspense: aflitos, com medo de serem reconhecidos naquela rua caracterizada, sem experiência nenhuma no assunto e com a menor idade possível que permitiria tal situação. Era tudo desconhecido, diferente, sinistro, escuro, emocionante.

Aquele número piscando, e um dos algarismos com a luz queimada, não saem até hoje da minha cabeça. Um segurança um tanto quando intimidador trancava a porta a cada "cliente" que entrava ou saía. Fomos revistados, entramos, e ele tranca a porta. Pronto! Cruzamos a fronteira! Saímos da região onde as leis tentam preservar a ética, a moral, os direitos/deveres e condena os que se opõe ao bom funcionamento do sistema e entramos na área onde quem ditava as regras, era a própria casa. Essa sensação é extremamente forte, nos sentimos "dentro do ilegal", e suscetíveis ao ambiente. Abraçemos o capeta então.

Logo nos acostumamos, e começamos a nos divertir. A música era muito boa, o clima era bem parecido com uma baladinha, e tinham bastante mulheres bonitas (algumas nem tanto), e quase sem roupa. O cenário, no fundo, era interessante. Os homens comprometidos procurando um refúgio, os que era vítimas de depressão, os que só estavam ali para ver peitinhos, os ricos e velhos sem mulher e os aventureiros, apesar de serem a grande maioria, quase sumiam dentre tantas garotas chamativas.

Era engraçado, a loja em que as vendedoras se vendiam. Era como entrar numa loja para comprar tênis, mas o próprio produto ia atrás de você. Por alguns momentos você até achava que era bonito, interessante e sexy, se esquecesse onde estava.

Bom, ja estava na minha vez. Quase fim de balada, e eu, nada ainda. Meus amigos tentaram me ajudar a escolher, mas eu queria começar devagar, por isso escolhi aquela baixinha simpática (simpática, ahh vá?!). Ela pegou na minha mão, e me levou à suite. Aliás, pegar na mão é algo muito íntimo e/ou invasor. Vender o corpo, passar a mão ou beijar na boca pode ser menos íntimo que pegar na mão, pela atitude, pelo significado, e fiquei até mais confiante depois disso.

Frio na barriga.

Na suíte, depois dela fechar a janela que dava vista para um "casal" copulando em outro quarto, e enquanto eu notava uma baratinha andando no pé da cama ela perguntou: "Não vai tirar a roupa?" (porra, não tem nem a preliminar? Pensei eu).

Mais frio na barriga.

Mnha precociedade natural de adolescente somado ao nervosismo e àquela situação tornou o momento meio rápido, se é que me entende. Pra não desperdiçar meus 25 minutos restantes, fiquei conversando. Até fui elogiado antes de ir embora (acreditei no elogio durante uns dias).


Depois de sair daquele submundo à parte da realidade e voltar para casa, notei o quando aprendi naquela noita, principalmente naqueles minutinhos de conversa. Ouvi coisas cabulosas e revelações que não vém ao caso falar por aqui, e descobri o que se passa e como se vive nesse mundo, e no final ainda não conclui se realmente vale a pena para aquelas "profissionais" se submeterem aquilo, ou se elas gostam ou não.

No final fiquei feliz, e imagino o quanto seria vazio (ou o quanto deixaria de descobrir, depende do ponto de vista) se não tivesse cruzado a fronteira e penetrado na área vermelha. "

Um comentário:

  1. Muito interessante. O que nos define sao essas experiencias e como as vemos.

    Ryan Field.

    ResponderExcluir