quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pentelhos do Rei - Teoria dos Jogos

Após elucubrar em temas como a literatura e o amor, volto ao que propus outrora, ou seja, falar sobre direito, economia e política, tripé este do qual nunca deveria ter saído.

Pois bem. Inspirado por uma reportagem do Valor Econômico de hoje (04/08/2010), hoje falarei sobre a teoria dos jogos - game theory -, de John Nash, nobel de economia em 1994.

Muito embora este homem já viesse revolucionando o meio acadêmico, sua história de vida e sua teoria só vieram a ser popularizadas através do filme "Uma Mente Brilhante", vencedor do Oscar de 2002, filme em que são retratadas a trajetória acadêmica do então acadêmico de Matemática e luta contra a esquizofrenia.

Foi na academia que Nash formulou o "Equilíbrio de Nash" - popularmente chamado de teoria dos jogos -, o qual foi materializado numa tese de menos de 30 páginas. Basicamente, tal teoria consiste na concepção de que em um jogo ("game"), os jogadores ("players") agem para atender aos seus respectivos interesses ou, usando o termo traduzido para o português, otimizar seus respectivos ganhos, em que o jogo é um cenário de conflito de interesses e o jogadores são os agentes envolvidos.

Como quase todo conceito, este é básico demais e não expressa sua magnitude. Só para se ter uma idéia da revolução acadêmica ocorrida naquela época, não foi por menos que a teoria dos jogos logo foi amplamente utilizada nos estudos para de resolução de conflitos nos mercados global e financeiro e nas relações internacionais. Esses estudos têm servido de base à leitura e regulação desses cenários e atualmente encontram-se bem desenvolvidos.

Mesmo assim, pode-se dizer que a Teoria dos jogos precisa ser bem mais difundida e estudada, pois a aplicação prática dela têm sido um grande desafio, como bem ressaltam os mais estudiosos no assunto. Visando a essa difusão, esses estudiosos têm exemplificado a teoria dos jogos através da análise de temas como o impasse internacional na questão do aquecimento global, a paz mundial, e os problemas do sistema eleitoral brasileiro.

Sobre esse último tema, o estudioso em questão é o Roger Myerson. Ele faz a leitura de que nosso sistema eleitoral atualmente incentiva os candidatos a se especializarem demais para atender interesses muito específicos, o que acaba por culminar numa classe política extremamente miscigenada, em que os representantes do povo defendem interesses também muito específicos, causando a grande inércia parlamentar e o enfraquecimento dos partidos políticos. Como solução, propõe a concessão do direito ao cidadão de votar em mais candidatos por cargo, ao invés de um único como é atualmente, pois assim os políticos não tenderiam a se voltar para interesses muito específicos, o que também abriria espaço para o fortalecimento das legendas. Pena que é só teoria.

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