quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conto - Massagem

Fui trabalhar.

Café número um.

Mais uma noite daquela semana que não havia dormido bem.
Como um zumbi no automático, piscando longo aos faróis vermelhos e acordando às buzinas, milagrosamente chego intacto na empresa.

Café número dois.

Mas é Sexta-feira!
Um dia feliz, se o resto da semana não houvesse acabado comigo.Não somei nem 15h de sono. Cada minuto de insônia durava hora de agonia.

Os problemas e prazos atrasados da empresa, dívidas monetárias e a ausência de férias apenas pioravam minha situação, já bem ruim. Nao conseguia me focar. Nem descansar. Nem responder minhas próprias perguntas.
Meu psicológico tinha fome! Fome do meu corpo. Me consumia por dentro, tirava meus músculos e minhas energias positivas. E jogava tudo nas costas, junto com um monte de tranqueira pesada.

Voltemos ao meu dia...

Fui o primeiro a chegar. O AC nos 20°C, minha confortável cadeira e o silêncio do andar tentam me fazer dormir.

Café número três. E eu nem gosto dessa merda, mas preciso por enquanto.Eu nem tenho barba, mas ela cresceu. Cresceu pra mostrar a fadiga, o cansaço, a indiferença, a preguiça, o tanto faz. E pra coçar.

Café cinco.

Almoço. Não havia comido sequer um pão com manteiga de manhã, e mesmo assim ainda não sentia fome. Até o estômago estava estufado das enzimas de preocupação.

Café seis.

Pouparei os eternos minutos de trabalho do dia, todos exaustivamente e monotonicamente iguais. Minutos de trabalho obrigatório, aprazeirado, e provavelmente errado. Foda-se.
Ja perdi a conta do café: meu cigarro temporário que me ajudou a aguentar o dia. Já estava tremendo de overdose.

17h08. Aleluia!Pego meu carro e o maldito som resolve não funcionar. E tive que aguentar todos os bares cheios com músicas altas e pessoas felizes na avenida badalada da sexta, e eu ainda dentro do trânsito.
Infelizmente não vendem café em maço ainda...

Não se espera nada de uma semana dessas além de uma banho e uma cama, quando ao chegar, escuto um frase tão simples quanto significativa:
"_Gostaria de uma massagem, Amor?"

Delicada e intensamente minha alma foi massageada.
Repentina e inexplicavelmente esqueci tudo que me agonizava.

Agora sim, a minha sexta-feira começou!

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