terça-feira, 2 de agosto de 2011

Testículo do Villa - Me empresta?

Caro Caio,

Tem algum tempo que não me dedico a esse blog. Fato que foi agravado pelo desequilíbrio que me encontrava – às vezes é melhor não deixar passar nada, não? Dado o tempo que me foi necessário, resolvi voltar à ativa. Peço, então, desculpas ati. Espero que esse texto nos permita dialogar.

Eu tenho o sensato hábito de reler, ou rever – no caso de filmes – coisas das quais de alguma forma me marcaram. E hoje, ao entrar no banho, lembrei-me de um conto que li há alguns anos: O outro, de Borges. O conto discorre sobre um encontro do Borges, já no final de sua vida, com o jovem que se mudou para a Europa. A conveversa que acontece em um banco de jardim, é repleto de referências ao passado de Borges e o futuro do outro. Naturalmente ambos já não se conhecem mais.

Claro, fiz o mesmo reflexo e imaginei eu me encontrando com meu futuro eu. Não gostei do que vi. A busca, no conto, e a minha, tendiam a procurar um eu tão complexo e intragável como minha própria consciência me diz sê-lo. Porém - assim como Borges -, só pude ver, pensar, e entender à partir de um mesmo ponto de partida: o eu habitante. No caso dele: velho, cego. No meu: jovem, burro. Logo não vejo nada, não reconheço nada. Estou fadado, definitivamente, a ser o que só posso ser.

O que me resta? Aguardar... Vivendo, é claro! E quando o dia chegar, espero que meu encontro com o eu jovem seja como reler um antigo conto, no qual se lê um conto totalmente diferente da primeira vez. E espero, que o jovem eu, me pergunte por você, e que eu possa dizer que está com saúde, encarando as mesmas peripécias. Ainda ao meu lado.

Um abraço

Josias

Um comentário:

  1. "Estou fadado, definitivamente, a ser o que só posso ser."

    Essa frase explica muita coisa, tanto para mim quanto para ti. E pode evitar alguns desentendimentos nossos, inclusive.

    Enfim...

    Saúde as vezes falta, mas tenho certeza que assistiremos, velhos e juntos, as peripécias de nossos eu's jovens e daremos muitas risadas. E agora burros, faremos o possível para garantir a plena satisfação de nossos momentos velhos. E o mais importante, a companhia, nunca deixará de existir.

    Caio Fagundes

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