Ao som de Chico, lhes digo duas coisas interessantes a respeito da cultura alternativa na paulicéia de prédios encardidos...
A primeira: Aqueles que gostam de Chico Buarque não podem perder de assistir o show do "Seu Chico", banda de Recife que interpreta Chico em outro arranjo, muito mais dançante e excepcional. Eles costumam tocar no Studio SP e outros locais que dão espaço a novas bandas.
A segunda: Aqueles que gostam de Teatro comtemporâneo já devem ter ouvido falar do Zé Celso, que é gênio, louco e completamente pederastra. Esses dias fui assistir ao banquete - peça que aliás me volta a questão do amor -, escrita por platão, em uma releitura totalmente homossexual, mas que fala principalmente do Amor livre, para quem tem a mente livre de preconceitos fica ai a dica.
Agora vamos ao que interessa, o Amor...
Antes de falar do banquete, e de platão, queria dizer um pouco sobre polidez, moral e amor em um silogismo quase barato, porém com muita carga filosófica, prometo não me estender.
Considerando que a polidez é a simulação da moral, ou seja, a simulação de uma vida virtuosa - seja pela educação, ou por qualquer outra forma de coerção -, e lembrando que a moral é a escolha do dever em uma vida virtuosa, ou seja, fazer o bem porque se deve fazê-lo, podemos dizer que o amor nada mais é que fazer o bem porque se quer fazê-lo.
Argumento um pouco frágil? talvez. Kant diz que não é assim porra nenhuma, que quando agimos porque desejamos agir dessa forma estamos em conformidade com o dever, logo, não sabemos se estamos sendo virtuosos ou não, e muitas vezes tão pouco sabemos o que fazemos de um ponto de vista ético. Concordo. Mas, Kant vai ainda mais longe: Ele tem uma concepção de amor próxima a católica, onde amar é agir sem a moral, pois não é necessária, e portanto, nos momentos em que não se ama existe o amor prático, a simulação do amor onde não há amor. Aí eu concordo e discordo.
Basicamente eu discordo de Kant quando ele fala em simular amor, picas, como se simula o amor? Para mim isso é o dever de uma vida virtuosa que através de uma pré-concepção de amor você julga e age polidamente no que pensa sê-lo. Droga, se amor é sentir, como agir e ordena-lo? ou mesmo defini-lo em ações práticas? Para mim a questão de cultura em relação ao amor já, por si só, acaba com essa estrutura. Porém, quem sou eu? bosta nenhuma, então deixamos Kant para lá e vamos ao que eu penso, o que não interessa de forma alguma, exceto a mim.
Bom, se o amor não tem picas com a moral, exceto o fato de não a ser necessário uma vez que se ama, e como não se pode simular o amor - pelo menos eu não posso -, chego a conclusão que não se ama sempre, e como disse antes, por silogismo chegamos a conclusão que o amor é um momento, e tão somente existe nesse curto período onde se faz o bem porque se quer fazê-lo contudo sem ter a consciência plena de fazê-lo. Lindo não? Claro que não, o amor não é lindo.
Agora, voltando ao banquete, e dessa vez dedico a ti, que ao pensar em amor sua mente se vai longe, se perde entre linhas tortuosas tal quais as ruas de pedregulhos e as casas de janela colonial onde a maresia e o constante vai-e-vem de barcos atracando deixam sem dúvida um romance no ar, é para-ti, que pensa assim, que lhe dedico: Alma gêmea não existe!
Mas, aqueles que tem algum juízo já sabiam, romanticos tolos aqueles que pensam que a vida é monogâmica e desejamos a um só, um ser que nos completa. Bobagem das mais tolas...
No antigo texto de Platão havia uma grande discussão sobre Eros (Deus do amor), onde todos tentavam definir o que era de fato Eros. E durante essa discussão, Agatão, o anfitrião bobão, levante e despeja asneiras sobre todos: O mito dos andróginos.
Segundo tal mito, havia 3 classes de seres humanoides na terra: os macho-macho; fêmea-fêmea; fêmea-macho. Esses seres, por ventura, eram completos, unos e felizes. Detentores de extrema força, pois eram componentes de uma união perfeita. Certo dia, Zeus partiu-os ao meio, destinando-os à eterna infelicidade enquanto não encontrarem sua verdadeira metade. Essa seria a humanidade para Agatão, e a noção de amor era a união entre duas peças únicas.
Bom, se você é como eu terá percebido que amores há mil, e amores diferentes, completos em sua plenitude, todos saborosos.
Porém se você ainda não é como eu, bom vou dar-lhe alguma coisa com que pensar:
"É preciso ser dois para fazer amor (...), e é por isso que o coito, longe de abolir a solidão, a confirma. Os amantes o sabem. As almas talvez possam se fundir, se existissem. Mas são os corpos que se tocam (...) Daí o fracasso, sempre, e a tristeza, tão frequentemente. Eles queriam ser um só e ei-los mais dois que nunca..."¹ Lucrécio ainda completa: "Isso não prova nada contra o prazer, quando ele é puro, nada contra o amor, quando ele é verdadeiro. Mas prova algo contra a fusão, que o prazer recusa exatamente quando se acreditava alcança-la."
Post coitum omne animal triste...
E como um final de tarde em Paraty, a tristeza também chega a paixão... E é por isso que cada vez mais acredito no amor, não eterno, não incondicional. Perfeito nos momentos em que existe, e certamente fundamental.
E quando não há amor? Bom, ouça uma boa música, cozinhe algo excepcional, ou tenha prazer com uma mulher qualquer, quem sabe por um instante não ame, quem sabe?!
Concordo contigo em grande parte, Vilasboas. Exceto quando diz que o amor não é lindo. Eu acho o amor lindo. Estou sendo cômico, porem verdadeiro.
ResponderExcluirO post me parece uma critica aqueles que valorizam o amor. Apesar de concordar com grande parte do que foi dito, acredito que o amor é um sentimento que nos faz bem, e querendo ou não, é inevitável, portanto deve ser valorizado.
“Porém, quem sou eu? bosta nenhuma, então deixamos Kant para lá e vamos ao que eu penso, o que não interessa de forma alguma, exceto a mim.’’ Senti uma insegurança.
Ryan Field.